• Quarta-feira, 17 de setembro de 2025

Novas estratégias ampliam combate à dengue, leishmaniose e Chagas

Novas abordagens vão além do fumacê e mostram impacto no combate a vetores de doenças tropicais em expansão pelo Brasil

A intensificação das mudanças climáticas tem alterado o comportamento dos mosquitos transmissores de doenças tropicais, ampliando sua distribuição geográfica e tornando mais difícil o controle de enfermidades como dengue, leishmaniose e doença de Chagas. Para o biólogo Rodrigo Gurgel Gonçalves, professor da Universidade de Brasília (UnB), o cenário exige respostas diferentes das adotadas até hoje. “As mudanças de temperatura e precipitação afetam diretamente os ecossistemas e a biologia dos vetores. Isso já está impactando o risco de transmissão de várias doenças”, disse ele durante o 24º Congresso Brasileiro de Infectologia, realizado em Florianópolis, entre os dias 16 a 19 de setembro. Leia também O especialista apontou que o aumento da temperatura global favorece a densidade de mosquitos, o que pode elevar em até 35% a em algumas regiões. Falhas do controle tradicional Segundo Rodrigo, os métodos mais antigos, como visitas domiciliares, fumacê (aplicação de inseticidas em forma de fumaça) e eliminação de criadouros, não foram capazes de impedir o avanço da dengue. “A , com mais de 6 milhões de casos e mais de 4 mil mortes. Além disso, a doença chegou a áreas onde não circulava, como Santa Catarina”, afirma. Diante desse quadro, diferentes tecnologias vêm sendo testadas no país. Uma delas é o método Wolbachia, em que mosquitos recebem uma bactéria capaz de reduzir pela metade a capacidade de transmitir dengue, zika e chikungunya. Outra estratégia é a borrifação residual intradomiciliar, aplicada em locais estratégicos, como escolas e unidades de saúde. Nesse método, inseticidas de ação prolongada são pulverizados nas paredes e superfícies internas, de modo que os mosquitos que pousarem nessas áreas sejam eliminados, podendo reduzir em até 96% a densidade dos insetos. 11 imagens O Aedes aegypti apresenta hábitos diurnos, pode ser encontrado em áreas urbanas e necessita de água parada para permitir que as larvas se desenvolvam e se tornem adultas, após a eclosão dos ovos, dentro de 10 diasA infecção dos humanos acontece apenas com a picada do mosquito fêmea. O Aedes aegypti transmite o vírus pela saliva ao se alimentar do sangue, necessário para que os ovos sejam produzidosNo geral, a dengue apresenta quatro sorotipos. Isso significa que uma única pessoa pode ser infectada por cada um desses 
micro-organismos e gerar imunidade permanente para cada um deles -- ou seja, é possível ser infectado até quatro vezesOs primeiros sinais, geralmente, não são específicos. Eles surgem cerca de três dias após a picada do mosquito e podem incluir: febre alta, que geralmente dura de 2 a 7 dias, dor de cabeça, dores no corpo e nas articulações, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupções cutâneas, náuseas e vômitosNo período de diminuição ou desaparecimento da febre, a maioria dos casos evolui para a recuperação e cura da doença. No entanto, alguns pacientes podem apresentar sintomas mais graves, que incluem hemorragia e podem levar à morteFechar modal. 1 de 11 A dengue é uma doença infecciosa transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti. Com maior incidência no verão, tem como principais sintomas: dores no corpo e febre alta. Considerada um grave problema de saúde pública no Brasil, a doença pode levar o paciente à morte Joao Paulo Burini/Getty Images 2 de 11 O Aedes aegypti apresenta hábitos diurnos, pode ser encontrado em áreas urbanas e necessita de água parada para permitir que as larvas se desenvolvam e se tornem adultas, após a eclosão dos ovos, dentro de 10 dias Joao Paulo Burini/ Getty Images 3 de 11 A infecção dos humanos acontece apenas com a picada do mosquito fêmea. O Aedes aegypti transmite o vírus pela saliva ao se alimentar do sangue, necessário para que os ovos sejam produzidos Joao Paulo Burini/ Getty Images 4 de 11 No geral, a dengue apresenta quatro sorotipos. Isso significa que uma única pessoa pode ser infectada por cada um desses micro-organismos e gerar imunidade permanente para cada um deles -- ou seja, é possível ser infectado até quatro vezes Bloomberg Creative Photos/ Getty Images 5 de 11 Os primeiros sinais, geralmente, não são específicos. Eles surgem cerca de três dias após a picada do mosquito e podem incluir: febre alta, que geralmente dura de 2 a 7 dias, dor de cabeça, dores no corpo e nas articulações, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupções cutâneas, náuseas e vômitos Guido Mieth/ Getty Images 6 de 11 No período de diminuição ou desaparecimento da febre, a maioria dos casos evolui para a recuperação e cura da doença. No entanto, alguns pacientes podem apresentar sintomas mais graves, que incluem hemorragia e podem levar à morte Peter Bannan/ Getty Images 7 de 11 Nos quadros graves, os sintomas são: vômitos persistentes, dor abdominal intensa e contínua, ou dor quando o abdômen é tocado, perda de sensibilidade e movimentos, urina com sangue, sangramento de mucosas, tontura e queda de pressão, aumento do fígado e dos glóbulos vermelhos ou hemácias no sangue Piotr Marcinski / EyeEm/ Getty Images 8 de 11 Nestes casos, os sintomas resultam em choque, que acontece quando um volume crítico de plasma sanguíneo é perdido. Os sinais desse estado são pele pegajosa, pulso rápido e fraco, agitação e diminuição da pressão Image Source/ Getty Images 9 de 11 Alguns pacientes podem ainda apresentar manifestações neurológicas, como convulsões e irritabilidade. O choque tem duração curta, e pode levar ao óbito entre 12 e 24 horas, ou à recuperação rápida, após terapia antichoque apropriada Getty Images 10 de 11 Apesar da gravidade, a dengue pode ser tratada com analgésicos e antitérmicos, sob orientação médica, tais como paracetamol ou dipirona, para aliviar os sintomas Guido Mieth/ Getty Images 11 de 11 Para completar o tratamento, é recomendado repouso e ingestão de líquidos. Já no caso de dengue hemorrágica, a terapia deve ser feita no hospital, com o uso de medicamentos e, se necessário, transfusão de plaquetas Getty Images Inovações em outras doenças No caso da , pesquisadores vêm apostando na vigilância comunitária. Moradores fotografam insetos suspeitos e enviam as imagens para plataformas de inteligência artificial, que já alcançam 93% de acerto na identificação de barbeiros. “Qualquer pessoa com um celular pode ajudar a monitorar a presença dos vetores e receber orientações”, destacou o professor. Para a leishmaniose, além do uso de mosquiteiros impregnados e coleiras repelentes em cães, estão em teste armadilhas com feromônios que atraem os flebotomíneos, conhecidos como mosquitos-palha, para superfícies tratadas com inseticidas. As novas alternativas, segundo Rodrigo, mostram que há caminhos para enfrentar o desafio crescente das doenças tropicais negligenciadas. “As mudanças climáticas aumentam a exposição aos vetores e os métodos tradicionais falharam. Precisamos lutar para que as inovações em vigilância e controle sejam incorporadas e fortaleçam os sistemas de saúde”, defende. Siga a editoria de e fique por dentro de tudo sobre o assunto!
Por: Metrópoles

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