• Quarta-feira, 17 de setembro de 2025

Baixa adesão à segunda dose de vacina da dengue preocupa especialistas

Em Congresso de Infectologia, especialistas discutiram eficácia, segurança e limitações das vacinas usadas no Brasil e em estudo

A dengue segue como um dos maiores desafios de saúde pública no Brasil e no mundo. A doença, que já causa impacto em mais de 125 países, vem ampliando sua área de circulação com o avanço das e do aquecimento global. No Brasil, o número de municípios infestados pelo Aedes aegypti saltou de 1.753 em 1995 para 5.385 em 2024. Segundo a professora Raquel Silveira Bello Stucchi, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), essa expansão traz consequências graves. “Entre agosto de 2024 e julho de 2025, mais de 3,6 milhões de pessoas estiveram sob risco de dengue e quase 2,7 mil mortes foram registradas, a maioria no Brasil”, destaca. Durante o 24º Congresso Brasileiro de Infectologia, realizado em Florianópolis entre os dias 16 a 19 de setembro, a médica apresentou um panorama das vacinas já disponíveis e das que ainda estão em estudo, ressaltando pontos de eficácia, segurança e lacunas que permanecem. Leia também Atualmente, a única vacina contra a dengue , da farmacêutica Takeda, aprovada para uso em pessoas a partir de 4 anos, com recomendação prioritária para adolescentes de 6 a 16 anos em áreas endêmicas. Um estudo realizado na Ásia com mais de 20 mil participantes entre 14 e 16 anos, acompanhados por cinco anos, mostrou soroproteção de 63% em quem já havia tido dengue e 51% em soronegativos, resultando em aproximadamente 60% de proteção global contra casos confirmados. A vacina também ofereceu proteção significativa contra hospitalizações, atingindo 86% nos soropositivos e quase 76% nos soronegativos. Nenhum efeito adverso grave foi observado no estudo, embora a proteção após a primeira dose diminua a partir de 90 dias, reforçando a necessidade da segunda aplicação para manter a imunidade a longo prazo. A especialista destacou que a baixa adesão à segunda dose é um problema recorrente, comprometendo a proteção prolongada. “Mesmo com resultados positivos, a eficácia da vacina depende de completar o esquema, e muitos adolescentes não recebem a segunda dose, o que limita o impacto da imunização em surtos futuros”, explica a médica. Reações adversas e segurança Com mais de 36 milhões de doses aplicadas no Brasil até 2025, foram registrados 124 casos de anafilaxia (reação alérgica), todos tratados com sucesso. Notificações raras de foram contabilizadas. A professora ponderou que, embora a taxa seja maior que a esperada em vacinas em geral, não houve mortes. “Esses eventos exigem vigilância, mas não comprometem o balanço de segurança do imunizante”, afirma. Pesquisas com a vacina do Butantan Outra expectativa está na vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan, ainda não aprovada. Em estudos, ela confirmada após dois anos e manutenção de proteção acima de 67% após três anos, sem relatos de eventos graves. Os resultados são animadores, sobretudo em crianças maiores de 7 anos. Para Stucchi, os avanços são importantes, mas ainda há desafios. “Precisamos de vacinas tetravalentes de dose única, de marcadores sorológicos confiáveis para medir imunidade e de mais pesquisas em idosos e pessoas com comorbidades”, concluiu. *A repórter viajou a convite da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). Siga a editoria de e fique por dentro de tudo sobre o assunto!
Por: Metrópoles

Artigos Relacionados: