O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarcou na noite de 3ª feira (3.jun.2025) de Lisboa, em Portugal, com destino a Paris, na França, onde se reunirá com Emmanuel Macron (Renascimento, centro) para tentar costurar o acordo entre a União Europeia e o Mercosul.
O Brasil quer concluir o tratado até o fim do ano, quando estará à frente do bloco sul-americano. Os grandes países integrantes do grupo europeu têm sinalizado vontade de avançar diante do que o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, chamou de “onda de desestabilização protecionista global” provocada pelos Estados Unidos. A França, porém, é a principal opositora ao acordo.
O tratado entre Mercosul e UE criaria uma zona de livre comércio que representaria mais de 20% do PIB (Produto Interno Bruto) mundial e englobaria 720 milhões de consumidores. O documento foi concluído em dezembro de 2024 e está na fase final de tradução técnica, com as próximas etapas previstas para aprovação e assinatura.
A jornalistas, durante entrevista coletiva no Palácio do Planalto, o chefe do Executivo disse que sua estadia na França inclui uma visita à Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal), em Lyon, acompanhado do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, para discutir o combate ao crime organizado.
Esta será a 7ª viagem internacional do petista só em 2025. Quando retornar ao Brasil, completará 26 dias no exterior e terá visitado 9 países. O ano só está na metade, e Lula já se aproxima do total de dias viajando em 2024 –foram 26.
A ida à França se dá durante os impasses do Ministério da Fazenda e do Congresso para resolverem a questão do aumento das alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Fernando Haddad disse que terá uma reunião com líderes do Legislativo no domingo (8.jun) para apresentar medidas fiscais para substituir os impostos.
Enquanto isso, a aprovação da gestão petista continua em queda. Tudo piorou de março para junho, embora as oscilações do levantamento PoderData, realizado de 31 de maio a 2 de junho, tenham ficado dentro da margem de erro da pesquisa, de 2 pontos percentuais.
O período captou o impacto das fraudes dos descontos ilegais em aposentadorias e benefícios do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). O resultado mostra que o governo Lula é hoje desaprovado por 56% dos eleitores. A taxa avançou 3 pontos percentuais em 2 meses. No mesmo período, a aprovação recuou de 41% para 39%.
Lula também levará a Macron a posição contrária do Brasil à lei europeia antidesmatamento, que entra em vigor no fim do ano. O texto restringe as importações de 7 commodities e seus derivados produzidos em locais desmatados desde 2021. O agro brasileiro, responsável por impulsionar a alta do PIB no 1º semestre, teme as consequências das novas regras.
O governo brasileiro disse que a norma é “discriminatória”. O Brasil foi classificado pela Comissão Europeia como país de risco médio para o desmatamento. Segundo o Itamaraty, a medida “acarreta ônus significativo e desproporcional aos países que praticam agricultura tropical de maneira responsável e sustentável como o Brasil”.
O presidente participa também de uma cerimônia para declarar o Brasil livre de febre aftosa sem vacinação. A OMSA (Organização Mundial de Saúde Animal), porém, concedeu o título em um evento sem integrantes do governo Lula, em 29 de maio. A principal autoridade presente foi a senadora de oposição Tereza Cristina (PP-MS).
O petista receberá também o título de doutor Honoris Causa pela Universidade Paris 8.
Ainda em 6 de junho, vai à cidade de Toulon para visitar a principal base naval da França. Verá os submarinos com propulsão nuclear do país. Quando esteve no Brasil em março de 2024, Macron participou da cerimônia de lançamento do submarino Tonelero, em Itaguaí (RJ).
A embarcação faz parte do ProSub (Programa de Desenvolvimento de Submarinos), firmado em 2008 e desenvolvido em parceria com os franceses. Tem orçamento de R$ 40 bilhões.
No sábado (7.jun), irá a Nice. Participa na Côte d’Azur da Conferência dos Oceanos da ONU 2025. Também estará presente em um evento paralelo sobre a COP30. Retorna ao Brasil na noite de 2ª feira (9.jun).