• Terça-feira, 16 de setembro de 2025

Morte de Mahsa Amini completa 3 anos e mulheres resistem contra repressão

Morte de Mahsa Amini, jovem curda, no Irã em 2022 deu origem a uma onda de protestos no Irã; país flexibiliza punições por temor de novos protestos.

Há 3 anos, em 16 de setembro de 2022, Jina Mahsa Amini, jovem curda de 22 anos, foi morta sob custódia da polícia do Irã. Em 13 de setembro, Amini visitava Teerã com sua família, quando foi abordada e presa pela Guarda Revolucionária, divisão das forças armadas iranianas, também conhecida como polícia da “moralidade”, por uso “inadequado” do véu. 

De acordo com um relatório de investigação das Nações Unidas, por volta das 6h30 (horário local), a jovem foi detida pela polícia, enquanto saía da estação de metrô Shahid Haqqani, na capital do Irã. Amini foi levada à delegacia para assistir a uma “aula de reforço sobre a necessidade” de usar o véu, mas desmaiou 26 minutos depois e foi transferida para o hospital. 

As autoridades informaram aos pais que Amini teve danos cerebrais por causa de uma ressuscitação cardiorrespiratória ineficaz. Na certidão de morte, a morte da jovem está vinculada a “causas desconhecidas”. O relatório da ONU declara que, enquanto estava na delegacia, Amini foi submetida à violência física, que resultou na sua morte.

Mahsa Amini cresceu em uma família religiosa na cidade de Saqqez, na província do Curdistão. Amini planejava entrar na universidade e não tinha histórico de ativismo político ou envolvimento em manifestações contra o governo. Sua última postagem nas redes sociais foi uma foto com sua família em Teerã.

Amini se transformou em um símbolo para as mulheres do Irã. O caso deu origem a uma onda de protestos no país e ao redor do mundo, em um movimento que ficou conhecido como “Mulheres, Vida e Liberdade”. 

O governo reprimiu as manifestações com o uso de armas. Autoridades iranianas não divulgaram dados sobre número de mortos nos protestos, mas a organização IHRNGO (Iran Human Rights) declarou que houve cerca de 551 pessoas assassinadas, incluindo 49 mulheres e 68 crianças.

Segundo o ACNUDH (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos), 31 mulheres foram executadas no Irã em 2024. Ao todo, 901 pessoas foram mortas por enforcamento no país, um aumento em relação à 2024, que registrou 853 mortes. Os dados apresentam o número mais alto desde 2015, quando o país teve 972 execuções.

Cada vez mais mulheres têm resistido às imposições do código de vestimenta no país. Em dezembro de 2024, o Irã revogou a implementação de uma nova lei, que determinava penas mais severas para descumprimento do uso obrigatório do hijab em público. A decisão foi suspensa, temporariamente, por medo de novos protestos incendiarem no país, como foi em 2022.

O Conselho de Direitos Humanos da ONU publicou um relatório que revelou o uso de drones e aparelhos tecnológicos pelo Irã para vigiar e punir mulheres em abril de 2024.

Por: Poder360

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