• Sexta-feira, 20 de junho de 2025

Metas do Acordo de Paris estão em risco, alerta novo estudo global

Ao menos de dez indicadores climáticos essenciais ao Acordo de Paris estão em alerta vermelho a menos de seis meses para a COP 30

Gases de efeito estufa, elevação do nível do mar,: ao menos de dez indicadores climáticos essenciais estão em alerta vermelho, alertam cerca de sessenta pesquisadores renomados em um amplo estudo global publicado nessa quinta-feira (19/6). “O aquecimento causado pela ação humana aumentou em um ritmo sem precedentes desde que se iniciaram as medições com instrumentos, atingindo 0,27°C por década entre 2015 e 2024”, concluem os cientistas de várias instituições de prestígio. As , provocadas principalmente pelo uso de combustíveis fósseis, atingiram um novo recorde em 2024. Na última década, a média anual de emissão de CO₂ foi de 53 bilhões de toneladas. Já as partículas poluentes presentes no ar, que têm um efeito de resfriamento, diminuíram. O estudo foi publicado na revista Earth System Science Data. Ele é fruto do trabalho de pesquisadores de 17 países, com base nos métodos do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC). A maioria dos autores integra ou já integrou esse grupo científico das Nações Unidas. O interesse do estudo é fornecer indicadores atualizados anualmente a partir das avaliações do IPCC, sem a necessidade de esperar o próximo relatório do orgão, que só será publicado em alguns anos. Em 2024, o aquecimento observado em relação à era pré-industrial atingiu 1,52°C, dos quais 1,36°C são atribuídos exclusivamente à atividade humana. A diferença se deve à variabilidade natural do clima, em especial ao fenômeno natural . “Direção errada” É um nível recorde, mas “esperado” considerando o aquecimento causado por ações humanas, somado a fenômenos naturais pontuais, ressalta Christophe Cassou, do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS). “Não é um ano excepcional ou surpreendente em si para os climatologistas”, afirma ele. Isso não significa que o planeta já ultrapassou o limite mais ambicioso do – manter o aquecimento abaixo de 1,5°C – , que é calculado com base em médias de várias décadas. Mas a janela de oportunidade está se fechando rapidamente. O saldo de carbono restante — ou seja, a quantidade total de CO₂ que ainda poderia ser emitida mantendo 50% de chance de limitar o aquecimento global a 1,5°C — está se esgotando. Esse “saldo” é agora, no início de 2025, de cerca de 130 bilhões de toneladas, o que equivale a pouco mais de três anos de emissões no ritmo atual — contra cerca de 200 bilhões há apenas um ano. “O limite de 1,5°C agora é inevitável”, avalia um dos autores, Pierre Friedlingstein, do CNRS. “Tenho tendência a ser uma pessoa otimista”, afirma o principal autor do estudo, Piers Forster, da Universidade de Leeds. “Mas, se olharmos para a publicação deste ano, tudo está indo na direção errada.” Leia também “Reduzir as emissões” Os autores incluíram neste ano dois novos indicadores, sendo um deles o aumento do nível do mar, que ocorre devido à expansão térmica da água causada pelo aquecimento e ao acréscimo de volumes de água doce, provenientes do derretimento das geleiras. A velocidade desse aumento mais que dobrou, com uma elevação de cerca de 26 mm entre 2019 e 2024, enquanto a média era de menos de 2 mm por ano desde o início do século XX. No total, o 22,8 cm desde o começo do século passado — o suficiente para aumentar o poder destrutivo das tempestades e ameaçar a existência de alguns Estados insulares. Essa elevação, que resulta de fenômenos complexos, está sujeita a uma grande inércia e continuará mesmo que as emissões cessem imediatamente. Mas isso não significa que a humanidade esteja de mãos atadas. “O que podemos fazer para limitar a velocidade e a magnitude da elevação do nível do mar? Reduzir as emissões de gases de efeito estufa o mais rápido possível”, enfatiza a climatologista Valérie Masson-Delmotte. A menos de seis meses da COP30 no Brasil, as políticas climáticas estão, no entanto, fragilizadas pela decisão do governo de Donald Trump de . “Qualquer mudança de trajetória ou de políticas públicas que aumente ou mantenha emissões que, de outro modo, seriam reduzidas, terá implicações sobre o clima e o nível de aquecimento nos próximos anos”, alerta Aurélien Ribes, do Centro Nacional de Pesquisas Meteorológicas.
Por: Metrópoles

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