• Sábado, 23 de agosto de 2025

Mendonça e Moraes trocam indiretas sobre o papel do Judiciário

Ministros do STF divergem em Fórum do Lide: Mendonça diz que juiz não deve ser temido e Moraes critica "judiciário vassalo".

Os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) André Mendonça e Alexandre de Moraes protagonizaram um embate ideológico velado durante o 24º Fórum Empresarial do Lide, no Rio de Janeiro, nesta 6ª feira (22.ago.2025).

Em palestras realizadas no mesmo dia, os magistrados defenderam posições antagônicas sobre  independência judicial e a liberdade de expressão.

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Pela manhã, André Mendonça foi o primeiro a subir ao palco e criticou o que chamou de  “ativismo judicial”. O ministro indicado por Jair Bolsonaro (PL) foi categórico: “O ativismo judicial implica no reconhecimento implícito de que o judiciário tenha prevalência sobre os demais poderes”. 

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Moraes foi além e classificou a defesa da autocontenção judicial como estratégia típica de regimes autoritários. “Somente nas autocracias o autocrata pode querer exercer sua liberdade sem limites e não ser responsabilizado”, afirmou.

O ministro argumentou que nas autocracias, sob o pretexto de que deveria haver compreensão de determinados setores como imprensa e Judiciário, acabou-se com a liberdade de imprensa e milhares de juízes foram afastados sob o argumento de que precisavam se autoconter. Segundo Moraes, essas práticas são típicas de autocratas e ditadores.

João Doria, co-chairman do Lide, chegou a comentar sobre o contraste com Moraes ainda no palco: “É importante ouvir o ministro Alexandre de Moraes como foi importante ouvir o ministro André Mendonça. Os posicionamentos não são iguais. Ainda bem que não são”.

O duelo de narrativas acontece em momento delicado para Moraes, que é alvo de sanções da Lei Magnitsky americana e enfrenta críticas por sua atuação no inquérito das fake news.

O ministro é relator da ação penal contra o Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, cujo julgamento está marcado para 2 de setembro.

Sem mencionar diretamente os casos, Moraes fez referências indiretas ao ex-presidente: “Não se pode atentar contra a democracia e, se der certo, é uma ditadura. Se não der certo, desculpa, volto para casa para me reorganizar”.

O ministro também atacou as big techs, afirmando que fazem “ações contra a mídia do país” e disse que nazistas disseminaram suas ideias na Alemanha dos anos 1930 sem precisar dos “algoritmos direcionados ideologicamente das Big Techs”.

Por: Poder360

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