• Terça-feira, 4 de novembro de 2025

Marinha conclui testes com 1º drone tático de ataque do Brasil

Projeto amplia capacidade de combate das Forças Armadas, mas depende de previsibilidade orçamentária para avançar.

A Marinha concluiu, na semana passada, os testes de lançamento do 1º drone tático de ataque desenvolvido pelas Forças Armadas no Brasil. O equipamento, produzido por militares do Corpo de Fuzileiros Navais, foi avaliado durante a Operação Furnas 2025 e representa, segundo a Força, um avanço na capacidade de combate e na modernização tecnológica do país. 

O projeto é conduzido por militares do Batalhão de Combate Aéreo, que já utilizavam modelos específicos para missões de inteligência, vigilância e reconhecimento. O protótipo, de 1,64 metro de envergadura e autonomia de 25 minutos, carrega uma carga explosiva capaz de neutralizar veículos e aeronaves em um raio de até 5 quilômetros.

O avanço técnico se dá no mesmo momento em que a Marinha prepara a ativação do 1º esquadrão de drones táticos do Corpo de Fuzileiros Navais, anunciado em outubro durante o 3º Simpósio de Defesa e Segurança Internacional. A criação do esquadrão marca a intenção da Força de transformar o uso de sistemas não tripulados de caráter experimental em capacidades operacionais permanentes.

Em entrevista ao Poder360, o comandante do Batalhão de Combate Aéreo, capitão de mar e guerra, Rodrigo Rodrigues, relacionou diretamente o projeto à modernização doutrinária da Marinha: “O objetivo é acompanhar a evolução da guerra moderna e aumentar a capacidade de causar danos ao oponente, especialmente em apoio às tropas de fuzileiros navais”, declarou. 

Segundo o oficial, o modelo em teste é uma adaptação de um aeromodelo de vigilância já utilizado pela Marinha que passou por adaptações para transportar um artefato explosivo com segurança de voo. “Nós já tínhamos um projeto de asa fixa para reconhecimento. Melhoramos o sistema e acrescentamos explosivos para que ele passasse a cumprir missões de ataque”, disse o comandante.

Rodrigues detalhou o emprego operacional previsto: a plataforma foi pensada prioritariamente para cenários de guerra e ações cinéticas de combate, não para missões de grande apoio civil ou de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). “É uma tecnologia mais usada para operações de guerra, operações de combate mais cinéticas”, afirmou o comandante.

O equipamento pode operar de forma autônoma ou manual, com navegação programada por computador e intervenção humana quando necessário. “Na maior parte do tempo, ele segue uma rota automática, mas o operador pode assumir o controle a qualquer momento”, explicou o capitão de mar e guerra. A Marinha pretende incorporar futuramente sistemas de inteligência artificial para identificação de alvos.

Durante os testes, segundo o comandante, o drone apresentou desempenho considerado satisfatório. “A cada 3 lançamentos, 2 atingiram o alvo com sucesso. É uma taxa muito boa para um protótipo nacional em desenvolvimento”, avaliou.

O desenvolvimento é feito com base em tecnologias acessíveis e de baixo custo. Um drone tático como o desenvolvido pela Marinha custa alguns milhares de reais, mas pode imobilizar uma viatura avaliada em milhões, afirma o oficial.

O comandante alertou, porém, que a continuidade do projeto depende da regularidade de recursos. “Um projeto tecnológico como esse não pode ficar parado. Se ele fica seis meses sem investimento, volta à estaca zero. A previsibilidade orçamentária é fundamental para não jogar fora o dinheiro do contribuinte”, disse.

Iniciado em 2024, o programa segue em fase de testes, mas há planos de criar parcerias com universidades e a indústria de defesa para viabilizar a produção em escala. “A ideia é chegar a um produto final e, com o apoio da base industrial, garantir a continuidade e a atualização constante do projeto”, afirmou o comandante Rodrigo Rodrigues.

Por: Poder360

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