Macron se mantém no cargo e indicará novo premiê da França
Presidente tem 48 horas para escolher novo nome. Premiê Lecornu, que ficou menos de um mês no cargo, tenta evitar dissolução do Parlamento
O gabinete do presidente da França, Emmanuel Macron, informou nessa quarta-feira (8/10) que um , após a renúncia de Sébastien Lecornu no início da semana ter aprofundado a crise política no país.
O na manhã de segunda-feira (6/10), após menos de um mês no cargo, depois de nomear um gabinete pró-Macron que causou indignação tanto nos partidos de direita quanto nos de esquerda. No mesmo dia, Macron deu a Lecornu um prazo até a noite de quarta-feira para encontrar uma saída para meses de impasse em torno do orçamento do país e viabilizar a indicação de um novo primeiro-ministro.
Nessa quarta, Lecornu disse ter informado Macron que havia uma maioria na câmara baixa do Parlamento contra a dissolução do governo.
“A maioria dos deputados se opõe à dissolução (do Parlamento); existe uma plataforma para a estabilidade; é possível adotar um orçamento até 31 de dezembro”, disse o gabinete de Macron, citando as conclusões de Lecornu.
“O presidente agradece a Sébastien Lecornu pelo trabalho realizado nas últimas 48 horas”, disse em nota a Presidência, acrescentado que Macron nomeará um primeiro-ministro no prazo estipulado.
O comunicado também afirma que deverá ser possível chegar a um acordo sobre o orçamento do país – um dos principais pontos de atrito na crise atual – até o final do ano.
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Macron cada vez mais isolado
Macron tinha as opções de renomear Lecornu, nomear o oitavo premiê de seu segundo mandato, convocar eleições legislativas antecipadas ou até mesmo renunciar.
A escalada da crise se transformou na pior dor de cabeça política para o centrista desde que ele assumiu o cargo em 2017. Aparentemente, o presidente francês está cada vez mais isolado, já que alguns de seus aliados mais próximos o abandonaram após a renúncia de Lecornu.
Depois que o ex-premiê Edouard Philippe – um dos ex-aliados mais cotados para se candidatar à Presidência – disse que Macron deveria renunciar e convocar eleições presidenciais antecipadas, Lecornu insistiu que o presidente deveria cumprir seu mandato até 2027.
“Não é o momento de mudar o presidente. Não vamos fazer os franceses acreditarem que é o presidente quem vota o orçamento”, disse o agora premiê interino.
Governo “tecnocrático”
Lecornu sugeriu que um governo mais tecnocrático poderia ser nomeado e disse que os membros do novo gabinete não deveriam ter como ambição concorrer às eleições presidenciais de 2027.
“A situação já é suficientemente difícil. Precisamos de uma equipe que decida arregaçar as mangas e resolver os problemas do país até as eleições”, disse.
Ele ressaltou que um caminho deve ser encontrado para que seja possível debater a redução da idade da aposentadoria – a reforma mais controversa do mandato de Macron.
Lecornu não deu nenhuma indicação sobre quem seria o próximo premiê, mas insinuou que ele não seria reconduzido ao cargo: “Tentei de tudo […] esta noite, minha missão terminou”, disse o interino. Ele afirmou que um novo orçamento poderia ser apresentado ao gabinete já na segunda-feira, mas fez a ressalva de que “não seria perfeito” e haveria “muito o que debater”.
Ultradireita votará “contra tudo”
Quem quer que seja nomeado primeiro-ministro provavelmente terá de encarar os mesmos problemas enfrentados por Lecornu e seus dois antecessores imediatos, Michel Barnier e François Bayrou – ambos também derrubados pelo Parlamento.
Depois de perder a maioria nas eleições de 2022 e ceder ainda mais cadeiras nas eleições antecipadas do ano passado, os centristas de Macron governaram em uma coalizão de fato com os republicanos de direita.
Mas essa é uma combinação apenas minoritária no Parlamento, e qualquer primeiro-ministro corre o risco de ser novamente destituído se a esquerda se unir ao partido de extrema direita Reagrupamento Nacional, de Marine Le Pen.
Le Pen afirmou nesta quarta-feira que frustraria qualquer ação de qualquer novo governo e “votaria contra tudo”. Seu partido anti-imigração sente que sua melhor chance de conquistar o poder está nas eleições presidenciais de 2027, com Macron impedido de concorrer após o segundo mandato.
Os críticos para as esperanças de sobrevivência do governo podem acabar sendo os socialistas, um partido que Macron há muito tenta afastar de uma possível aliança.
Por: Metrópoles