• Quinta-feira, 6 de novembro de 2025

Lula lança fundo florestal com meta de US$ 4 por hectare preservado

Durante lançamento do Fundo de Florestas, petista disse que árvores "valem mais de pé" e que luta para salvar a humanidade.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lançou nesta 5ª feira (6.nov.2025), em Belém (PA), o Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês), durante a Cúpula de Líderes que antecede a COP30. A iniciativa, segundo ele, representa uma “iniciativa inédita” e marca pela 1ª vez na história o protagonismo de países do Sul Global em uma agenda de florestas.

As florestas valem mais em pé do que derrubadas. Elas deveriam integrar o PIB dos nossos países. Os serviços ecossistêmicos que prestam para a humanidade precisam ser remunerados, assim como as pessoas que protegem as florestas”, declarou.

O TFFF pretende captar US$ 125 bilhões, sendo 20% de países e 80% do setor privado. A ideia é criar um modelo híbrido de financiamento que remunere investidores e recompense financeiramente os países que mantêm suas florestas em pé.

O governo de Portugal anunciou nesta 5ª feira (6.nov), em Belém, que vai investir €1 milhão (equivalente a R$ 6,2 milhões ou US$ 1,15 milhão) no TFFF. Até então, nenhum país europeu havia se comprometido em aportar recursos no fundo.

O fundo foi idealizado por Brasil, Colômbia, Gana, Indonésia, Malásia, Alemanha, Noruega e França. O Banco Mundial atuará como agente fiduciário e gestor inicial, mas sem poder de decisão sobre prioridades.

O TFFF não é baseado em doação. Investimentos soberanos de países desenvolvidos e em desenvolvimento vão alavancar um fundo de capital misto. O portfólio vai se diversificar em ações e títulos. Os lucros gerados serão repartidos entre os países de florestas tropicais e os investidores”, afirmou Lula.

Lula defendeu o novo mecanismo ao receber jornalistas estrangeiros na 3ª feira (4.nov). Segundo o presidente, o TFFF representa “a saída da era da doação”. Disse que, diferentemente dos compromissos não cumpridos em conferências anteriores, o fundo permitirá que governos, empresas e fundos de pensão invistam na conservação com retorno financeiro.

Não será doação, será investimento. Um fundo de pensão pode investir, um empresário pode investir, um governo pode investir”, disse o presidente.

Lula encerrou seu discurso citando o ambientalista brasileiro Chico Mendes: “no começo pensei que estava lutando para salvar as seringueiras, depois pensei que estava lutando para salvar a Floresta Amazônica. Agora, percebo que estou lutando pela humanidade“.

O TFFF é estruturado como um fundo de investimento global. Ele captará recursos no mercado a juros reduzidos e reinvestirá em projetos sustentáveis com maior taxa de retorno. A diferença será repassada aos países tropicais proporcionalmente à área preservada.

Mais de 70 países em desenvolvimento podem ser beneficiados. Cada um poderá receber até US$ 4 por hectare conservado, com monitoramento via satélite.

Brasil e Indonésia já anunciaram aportes de US$ 1 bilhão cada. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo espera arrecadar ao menos US$ 10 bilhões em recursos públicos até 2026, durante a presidência brasileira da COP.

Em comunicado conjunto divulgado em agosto, os países membros do Tratado de Cooperação Amazônica apoiaram o TFFF como “instrumento inovador e complementar” aos mecanismos climáticos existentes. O texto destaca que o fundo valoriza o papel dos povos indígenas e das comunidades locais na conservação das florestas.

O TFFF começou a ser articulado na COP28, em 2023, quando o Brasil apresentou a proposta pela 1ª vez. Agora, na COP30, o país busca consolidar o fundo como modelo para o financiamento climático global. Lula afirma que o objetivo é transformar a bioeconomia em uma nova frente de desenvolvimento sustentável.

Por: Poder360

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