“O Brasil continuará trabalhando para concluir novos acordos comerciais e abrir mercados para a produção nacional”, acrescenta a nota. O presidente brasileiro telefonou para Macron na manhã desta quarta-feira e, na ligação, que durou quase 1 hora, os dois líderes trataram de temas das agendas global e bilateral. “Reafirmaram seu apoio ao multilateralismo e ao livre comércio”, disse o Palácio do Planalto, acrescentando que também “reafirmaram a intenção de promover maior cooperação entre os países desenvolvidos e o Sul Global, em favor do comércio baseado em regras multilateralmente acordadas”.“Macron e Lula comprometeram-se a ultimar o diálogo com vistas à assinatura do acordo Mercosul-União Europeia ainda neste semestre, durante a presidência brasileira do bloco”, disse o Palácio do Planalto em nota após o telefonema entre os dois líderes.
Acordos
O Mercosul também fechou acordo com a Associação Europeia de Livre Comércio (Efta), formado por Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça, e tem negociado com novos parceiros, como Japão, Vietnã e Indonésia. Nesse contexto, o presidente Lula também está articulando uma cúpula virtual do Brics, para setembro. Especialistas consultados pela Agência Brasil avaliam que a medida dos Estados Unidos também é uma chantagem política com objetivo de atingir o Brics, grupo de potências emergentes que tem sido encarado por Washington como uma ameaça à hegemonia estadunidense no mundo, em especial, devido à proposta de substituir o dólar nas trocas comerciais. Em 6 de agosto, Trump elevou a tarifa de importações de alguns produtos para 50% contra o Brasil em retaliação a decisões que, segundo o presidente norte-americano, prejudicariam as big techs estadunidenses e em resposta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de liderar uma tentativa de golpe de Estado após perder as eleições de 2022. Na conversa com Macron nesta quarta-feira, o presidente Lula repudiou o uso político de tarifas comerciais contra o Brasil e relatou ao francês as medidas que o governo adotou para proteger os trabalhadores e as empresas brasileiras e informou sobre o recurso que o Brasil apresentou à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as “injustificadas tarifas norte-americanas”.COP30
O presidente Emmanuel Macron confirmou sua participação na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), organizada pelo governo brasileiro, em Belém, no Pará, em novembro. Para Lula, esta será a “COP da verdade, em que ficará claro quais países acreditam na ciência” para o enfrentamento à mudança do clima.Os dois mandatários também trocaram impressões sobre as negociações de paz entre Rússia e Ucrânia, no conflito que dura mais de 3 anos. Nesta semana, Macron esteve na Casa Branca acompanhando o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy em encontro com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que tem pressionado por uma solução para a guerra. No telefonema, o presidente francês elogiou o papel do Grupo de Amigos da Paz, iniciativa liderada por Brasil e China em busca de estabelecer entendimentos comuns para apoiar os esforços globais para alcançar a paz, entre eles, o conflito entre Rússia e Ucrânia. “Os dois presidentes acordaram continuar o diálogo sobre o conflito”, diz a nota do Planalto.“O presidente Lula destacou a ambição das metas nacionalmente determinadas apresentadas pelo Brasil e realçou a importância de que a União Europeia e seus membros apresentem metas à altura do desafio que o planeta enfrenta”, informou o Palácio do Planalto.
No campo bilateral, Lula e Macron comprometeram-se a aprofundar a cooperação na área de defesa, setor que os dois países já desenvolvem projetos como a construção de helicópteros, submarinos e satélites. Relacionadas“O presidente Lula demonstrou preocupação com o aumento dos gastos militares no mundo, enquanto cerca de 700 milhões de pessoas ainda passam fome. Registrou, nesse contexto, a saída do Brasil do Mapa da Fome da FAO [Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura] e defendeu a reforma das instituições multilaterais em favor de uma governança global mais representativa e democrática”, completou.


