Sébastien Lecornu assumiu oficialmente o cargo de primeiro-ministro da França nesta 4ª feira (10.set.2025), tornando-se o 5º premiê nomeado por Emmanuel Macron em apenas 2 anos. A cerimônia de transferência de poder se deu enquanto manifestantes bloqueavam estradas e entravam em confronto com forças policiais em diversas regiões do país. O novo chefe de governo francês substitui François Bayrou, destituído por votação parlamentar na última 2ª feira (8.set.2025)
Durante a cerimônia, o novo premiê comprometeu-se a buscar formas inovadoras para trabalhar com o Parlamento, especialmente na aprovação do orçamento que visa a reduzir a dívida pública. “É preciso ser mais criativo, às vezes mais técnico, mais sério”, afirmou Lecornu sobre a forma como pretende trabalhar com os diferentes blocos parlamentares.
Antes de assumir o cargo de primeiro-ministro, Lecornu ocupava a posição de ministro da Defesa. Ele é considerado um aliado próximo do presidente Macron, o que sinaliza a provável continuidade da agenda econômica pró-empresarial defendida pelo atual governo.
Os protestos que marcaram a posse expressam a insatisfação popular com Macron, com a classe política francesa e com os cortes de gastos planejados pelo governo. Segundo a agência Reuters, as manifestações são organizadas pelo movimento “Vamos bloquear tudo” (“Bloquons tout”, em francês).
O deficit francês chegou a 5,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024, representando o maior índice entre os países da Zona do Euro. Embora os partidos concordem sobre a necessidade de reduzir esse percentual, não há consenso quanto aos métodos para alcançar tal objetivo.
O calendário impõe pressão adicional ao novo chefe de governo. Lecornu tem até 7 de outubro para enviar ao parlamento uma versão completa do projeto orçamentário para 2026. O documento precisará ser aprovado em uma assembleia dividida em 3 blocos ideológicos distintos.
Em seu discurso depois da cerimônia, o premiê advertiu que “rupturas serão necessárias”, sem detalhar quais seriam essas mudanças ou suas estratégias específicas para obter apoio parlamentar para suas propostas orçamentárias.
Jordan Bardella, presidente do RN (Reagrupamento Nacional), maior partido no parlamento francês e com quem Lecornu mantém relações, comentou sobre o discurso do novo premiê, afirmando que ele “está em uma posição muito precária”.
A partir de agora, o novo primeiro-ministro precisará formar seu gabinete e iniciar negociações com os diferentes blocos parlamentares para viabilizar a aprovação do orçamento, considerado prioridade imediata de seu governo.