• Domingo, 28 de dezembro de 2025

Junta militar de Mianmar realiza eleições durante guerra civil

Votação ocorre quase 5 anos depois do golpe que derrubou o governo eleito.

A junta militar de Mianmar iniciou neste domingo (28.dez.2025) um processo eleitoral que, segundo os militares, devolverá o governo democrático ao país. A votação acontece quase 5 anos após o golpe militar que derrubou um governo eleito e desencadeou uma guerra civil que ainda persiste.

De acordo com a CNN Internacional, centenas de pessoas foram detidas com base em uma nova legislação que criminaliza críticas às eleições. Além disso, grandes áreas do país não participarão da eleição por causa dos conflitos entre a junta militar e grupos rebeldes.

Os militares tomaram o poder em fevereiro de 2021, alegando fraude nas eleições vencidas pelo partido de Aung San Suu Kyi, a NLD (Liga Nacional pela Democracia). Observadores internacionais contestaram essa justificativa, considerando o pleito livre e justo.

Suu Kyi, 80 anos, permanece detida desde o golpe. A vencedora do Nobel da Paz em 1991 cumpre pena após condenações que, segundo críticos, têm motivação política e atingem o objetivo de afastá-la da vida pública.

Ainda não está claro como será formada a nova administração após as eleições e se o processo terá impacto real na situação política do país. Os generais esperam que um novo parlamento, no qual 1/4 dos assentos será reservado para os militares, convença parte da comunidade internacional a reintegrar Mianmar.

A votação será realizada em 3 fases, com a 2ª marcada para 11 de janeiro e a 3ª para 25 de janeiro. O general Min Aung Hlaing, líder do golpe de 2021, convocou os eleitores a selecionar candidatos “que possam cooperar sinceramente com o Tatmadaw”, termo birmanês para as Forças Armadas, segundo reportou a mídia estatal.

O porta-voz da junta, Zaw Min Tun, rejeitou as críticas internacionais ao processo eleitoral. “A eleição está sendo conduzida para o povo de Mianmar, não para a comunidade internacional”, declarou em 14 de dezembro, segundo a Reuters“Se a comunidade internacional está satisfeita ou não, é irrelevante”.

Dados da ONU (Organização das Nações Unidas) indicam que mais de 3 milhões de pessoas foram forçadas a deixar suas casas desde o início do conflito. Dezenas de milhares de jovens fugiram para o exterior ou para áreas controladas por rebeldes para evitar o recrutamento forçado pelo Exército. Investigadores das Nações Unidas e grupos de direitos humanos documentaram abusos sistemáticos cometidos pelos militares contra combatentes e civis.

Por: Poder360

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