• Quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Israel aprova polêmico plano de expansão na Cisjordânia ocupada

Decisão dificulta estabelecimento de Estado Palestino

Israel aprovou, nesta quarta-feira (20), de maneira definitiva, o polêmico plano de expansão dos assentamentos perto de Jerusalém Oriental, que impedirá o acesso à cidade a partir da Cisjordânia ocupada e dificultará o estabelecimento de um Estado palestino contíguo. Em comunicado, o ministro das Finanças de extrema-direita, Bezalel Smotrich, confirmou a decisão da Administração Civil israelense, dizendo que "apaga na prática a ilusão de solução em 'dois Estados' e consolida o controle do povo judeu sobre o coração da Terra de Israel". "O Estado palestino está sendo apagado da mesa não com slogans, mas com ações. Cada assentamento, cada bairro, cada casa é um novo prego no caixão dessa ideia [de dois Estados] perigosa", disse Smotrich, um dos principais promotores da colonização dos territórios palestinos ocupados. Com esta decisão, a Administração Civil – o órgão do governo israelense que administra a Cisjordânia – aprova a construção de 3.410 casas na área conhecida como E1, um terreno de 1,2 mil hectares a leste de Jerusalém habitado por várias comunidades beduínas palestinas. A região faz parte do colonato judaico de Ma'ale Adummim, o terceiro assentamento mais populoso da Cisjordânia ocupada, com 40 mil habitantes, e considerado ilegal pelo direito internacional. Além disso, o projeto inclui a construção de uma nova estrada que vai separar o tráfego palestino e israelense e transferir o controle militar para entrar em Jerusalém Oriental até 14 quilômetros a leste. Jerusalém Oriental é a parte palestina da cidade, anexada unilateralmente por Israel em 1980 e reivindicada pelos palestinos como capital do futuro Estado da Palestina. "Tenho o prazer de anunciar que, há apenas uma hora, a Administração Civil aprovou o planejamento para a construção do bairro E1!", anunciou Guy Yifrah, presidente da câmara do colonato de Ma'ale Adumim, em comunicado. Os assentamentos judaicos são considerados ilegais à luz do direito internacional e a decisão já foi criticada por organizações de defesa dos direitos humanos. "Esta é uma decisão consciente de Israel de implementar um regime de apartheid. Se a comunidade internacional leva a sério a paz e um Estado palestino, é urgente tomar medidas efetivas para impedir que Israel expulse palestinos da área E1", disse Aviv Tatarsky, investigador da organização não-governamental (ONG) israelense Ir Amim, em comunicado. Durante décadas, as autoridades israelenses se recusaram a aprovar o plano devido à pressão da comunidade internacional, que teme que a expansão dos colonatos impeça a criação de um Estado palestino, com Jerusalém Oriental como capital. No entanto, depois de Benjamin Netanyahu ter chegado ao poder em 2022 à frente de uma coligação sem precedentes com a extrema-direita – os principais defensores da colonização dos territórios palestinos –, o governo israelense aprovou um número inédito de novos colonatos e o confisco de terra. Vários países, incluindo França, Reino Unido, Portugal, Canadá ou Austrália, preveem reconhecer o Estado da Palestina na próxima Assembleia-geral das Nações Unidas, em setembro, perante protestos das autoridades israelitas. Relacionadas
An Israeli flag flutters, as part of the Israeli settlement of Maale Adumim is visible in the background, in the Israeli-occupied West Bank, August 14, 2025. REUTERS/Ronen Zvulun
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Por: Redação

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