• Quarta-feira, 31 de dezembro de 2025

Iaque, o boi selvagem da Ásia que desafia as maiores altitudes do planeta

Animal símbolo do Himalaia, o iaque sustenta populações em altitudes extremas com alimento, energia, transporte e adaptação única ao frio intenso.

Animal símbolo do Himalaia, o iaque sustenta populações em altitudes extremas com alimento, energia, transporte e adaptação única ao frio intenso. O iaque, conhecido internacionalmente como yak, é um dos animais mais impressionantes do mundo quando o assunto é adaptação a ambientes extremos. Habitante das regiões mais altas e frias da Ásia Central, como o Himalaia e o Platô Tibetano, esse grande bovino de pelagem longa e espessa é essencial para a sobrevivência de milhões de pessoas que vivem acima dos 4.000 metros de altitude, onde poucas espécies conseguem prosperar. Robusto, resistente e multifuncional, o iaque vai muito além de um simples animal de carga. Ele fornece alimento, vestuário, energia, transporte e identidade cultural aos povos do Tibete, da China, da Mongólia e do Nepal. Em regiões sem árvores, seu esterco seco é, inclusive, a principal fonte de combustível para aquecimento e preparo de alimentos.
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    O iaque pertence à família Bovidae e ao mesmo gênero do gado doméstico ( Bos). O nome científico mais aceito do iaque doméstico é Bos grunniens, enquanto o iaque selvagem é frequentemente classificado como Bos mutus, por ser maior e mais agressivo — embora ambos se cruzem livremente com outros bovinos. window._taboola = window._taboola || []; _taboola.push({mode:'thumbnails-mid', container:'taboola-mid-article-thumbnails', placement:'Mid Article Thumbnails', target_type: 'mix'});Entre suas principais características físicas, destacam-se:
  • Pelagem longa, densa e áspera, com uma camada interna de lã que garante isolamento térmico;
  • Resistência a temperaturas extremas, suportando frio intenso de até -40 °C a -50 °C;
  • Pernas curtas e corpo compacto, ideais para terrenos íngremes e escorregadios;
  • Ombros altos e cabeça inclinada para frente, lembrando a conformação dos bisões;
  • Chifres longos e fortes, que podem chegar a 80 cm nos machos e 50 cm nas fêmeas, usados até para remover neve e alcançar pastagens.
  • Iaque branco tibetano. Foto: Dreamstime
    Os iaques selvagens são significativamente maiores: os machos podem atingir até 2 metros de altura no ombro e pesar mais de 800 kg, enquanto as fêmeas têm menos da metade desse peso. Já os iaques domesticados apresentam variação de cor, com manchas brancas sendo comuns, diferentemente dos selvagens, geralmente pretos ou marrom-escuros. Uma das maiores vantagens evolutivas do iaque está em seu sistema respiratório. Estudos indicam que sua capacidade pulmonar é cerca de três vezes maior que a do gado comum. Além disso, o animal possui maior número de glóbulos vermelhos, que são menores e mais eficientes no transporte de oxigênio — uma adaptação crucial para viver em ambientes com baixa pressão atmosférica. Outra curiosidade é que o iaque transpira muito pouco, o que ajuda a conservar calor. Em contrapartida, essa mesma característica faz com que temperaturas abaixo de 3.000 metros de altitude se tornem desconfortáveis para o animal, mesmo durante o inverno. Quando a água é escassa, o iaque simplesmente consome neve para se hidratar. Os iaques selvagens são ruminantes herbívoros e apresentam comportamento sazonal. Durante os períodos mais quentes, migram para planícies mais baixas, onde se alimentam de gramíneas e ervas. Com a elevação das temperaturas, retornam aos planaltos mais altos, passando a consumir musgos e líquens, que raspam das rochas com a língua áspera.
    Foto: Igor Lushchay/Shutterstock.com
    Na natureza, vivem em rebanhos mistos de cerca de 25 indivíduos, embora alguns machos adultos formem grupos isolados ou vivam sozinhos. Em determinadas épocas do ano, esses grupos podem se agregar em grandes concentrações. A reprodução ocorre entre setembro e outubro. Após uma gestação de cerca de nove meses, os filhotes nascem na primavera e são amamentados por aproximadamente um ano. A fêmea volta a acasalar no outono seguinte, após o desmame. Não se sabe exatamente quando o iaque foi domesticado, mas pesquisadores acreditam que isso ocorreu a partir de sua utilização como animal de carga nas antigas rotas comerciais do Himalaia. Até hoje, o iaque é conhecido como o “navio do planalto”, tamanha sua importância logística. Um iaque adulto é capaz de:
  • Percorrer 20 a 30 km por dia;
  • Transportar cargas de até 60 kg;
  • Enfrentar trilhas estreitas, geladas e íngremes em grandes altitudes.
  • Ordenha das vacas iaque. Foto: Ariella hearn
    Atualmente, estima-se a existência de cerca de 12 milhões de iaques domesticados, criados por sua docilidade, resistência e alta produção de leite em ambientes onde o gado comum não sobrevive. Pesquisadores chineses classificam os iaques em três grandes grupos regionais:
  • Iaque de Vale: encontrado nos vales do norte e leste do Tibete e em áreas de Sichuan e Yunnan, como o tipo Jiulang;
  • Iaque de Pastagens de Planalto: adaptado a estepes frias e altas, com temperaturas médias abaixo de zero, comum em regiões como Maiwa e Luqu;
  • Iaque Branco: presente em várias regiões, com destaque para o Iaque Branco de Tianzhu, valorizado culturalmente.
  • A carne de iaque, branca ou escura, apresenta rendimento de carcaça entre 45% e 54%. De sabor marcante e considerado especial, é bastante apreciada na China e também destinada à exportação, especialmente quando processada e enlatada de forma adequada. O leite de iaque tem grande importância econômica e nutricional. Rico em gordura, é utilizado no preparo de manteiga, queijos e no tradicional chá tibetano. A produção leiteira:
  • Inicia-se 10 a 15 dias após o parto, geralmente entre abril e maio;
  • Dura cerca de cinco meses, até a chegada do inverno;
  • Atinge o pico em julho, quando as pastagens estão mais nutritivas;
  • Diminui gradualmente até outubro, com o ressecamento das áreas de pastejo.
  • Por: Redação

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