O grupo rebelde Houthi, do Iêmen, disse ter lançado um míssil contra Israel na madrugada deste sábado (28.jun.2025). Segundo a organização, que tem apoio do Irã, o ataque seria uma reação à atuação israelense contra os palestinos na Faixa de Gaza.
Em comunicado, o porta-voz militar Yahya Saree declarou que o disparo teve como alvo uma “posição inimiga sensível” na cidade de Berseba, no sul de Israel —mesma região onde um hospital foi parcialmente destruído há cerca de uma semana.
As FDI (Forças de Defesa de Israel) confirmaram o lançamento por meio de publicação no X e disseram que as sirenes de alerta foram acionadas. Afirmaram ainda que o projétil foi “muito provavelmente interceptado com sucesso“.
Segundo informações da agência Reuters, o governo israelense já ameaçou impor um bloqueio naval e aéreo ao Iêmen caso os ataques do grupo rebelde persistam.
O Houthis controla cerca de 1/3 do território iemenita. Governa a região mais rica, formada pelas principais cidades, como a capital Sanaa, e a costa do mar Vermelho.
No domingo (22.jun) o porta-voz do grupo das Forças Armanas Iemenitas, controlado pelos houthis, anunciou sua entrada na guerra ao lado do Irã contra Israel e os Estados Unidos. Segundo informações do Tehran Times, a declaração foi feita pelo brigadeiro-general Yahya Saree.
“O Iêmen está oficialmente entrando na guerra (contra os Estados Unidos e Israel). Mantenham seus navios longe de nossas águas territoriais”, declarou Saree. O anúncio representa uma escalada no conflito regional que já envolve vários países do Oriente Médio.
O anúncio se deu depois de bombardeios realizados pelos Estados Unidos em solo iraniano, intensificando o conflito que começou com ataques israelenses em 12 de junho de 2025. Os norte-americanos realizaram, no sábado (21.jun), uma ofensiva contra 3 instalações nucleares iranianas: Natanz, Isfahan e Fordow.
Mohammed al-Bukhaiti, integrante do escritório político dos houthis, disse no domingo (22.jun) que a resposta do grupo ao ataque dos Estados Unidos contra o Irã seria “apenas uma questão de tempo”. As informações são do jornal britânico The Guardian. Antes da declaração, no sábado (21.jun), o setor houthi das Forças Armadas Iemenitas havia emitido um comunicado militar condenando os ataques israelenses a Gaza, Líbano, Síria e outros países árabes e islâmicos. No documento, alertava que Israel busca desestabilizar toda a região com total apoio dos EUA.
O brigadeiro-general Yahya Saree não detalhou quais ações militares específicas o país pretende realizar contra Israel e EUA, além do alerta para que navios se mantenham afastados das águas territoriais iemenitas.
Os houthis também são conhecidos pelo nome Ansar Allah (Partidários de Deus, em árabe). Integram o chamado “eixo de resistência” liderado pelo Irã contra Estados Unidos e Israel.
O grupo foi formado na década de 1990 e leva o nome de seu fundador, Hussein al-Houthi (1959-2004). O atual líder é seu irmão, Abdul Malik al-Houthi. A expansão do grupo se deu durante a Primavera Árabe, em 2011, e em 2014 os houthis tomaram a capital do Iêmen, Sanaa.
Atualmente, 2 grupos disputam o controle do Iêmen. O Conselho de Liderança Presidencial, com sede na cidade de Aden, é reconhecido como governo oficial por EUA, Reino Unido, União Europeia, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e pela maior parte do Ocidente. Já o Conselho Político Supremo, formado pelos houthis e com sede em Sanaa, só é reconhecido como governo legítimo por Irã, Rússia e Coreia do Norte.
As Forças Armadas Iemenitas também são divididas: uma parte responde ao Conselho Político Supremo, dos houthis, e outra ao Conselho de Liderança Presidencial. Yahya Saree é porta-voz dos militares houthis.