• Quarta-feira, 23 de julho de 2025

Haddad quer balanço do consignado privado para tratar de teto de juros

Ministro afirma que o governo analisa o percentual de saldo do FGTS a ser usado como garantia para o empréstimo.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda busca fazer um balanço do programa Crédito do Trabalhador para saber se instituirá um teto de juros e qual o percentual a ser usado do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) como garantia para o empréstimo obtido por quem tem carteira assinada.

“Vamos acompanhar a evolução do programa, e aí essas duas questões –FGTS e teto–, a gente discute a partir deste aprendizado”, declarou em entrevista veiculada na noite desta 3ª feira (22.jul.2025), no canal do YouTube Nath Finanças.

Haddad também comparou a situação com o consignado de aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Disse ter conversado com bancos no início do programa a respeito das diferenças entre as duas modalidades.

“O INSS e o setor público são muito homogêneos. Eu sei que o ‘cara’ vai receber o salário, eu sei que o ‘cara’ vai receber a aposentadoria. No caso do setor privado, aquele trabalhador, qual é o histórico dele? Quantas vezes ele trocou de emprego ao longo dos últimos 5 anos? Qual é a saúde financeira da empresa dele? Porque, afinal de contas, depende de a empresa pagar o salário para poder receber”, declarou.

Lançado em março, o Crédito do Trabalhador permite que brasileiros com carteira assinada usem 10% do saldo do FGTS como garantia nas operações de crédito consignado. Podem usar também a multa rescisória, que equivale a 40% do saldo do fundo, em caso de demissão sem justa causa.

As parcelas do empréstimo são descontadas diretamente na folha de pagamento. As instituições financeiras retêm os recursos sem a intermediação das empresas do contratante da operação. A medida serve para tornar o crédito mais acessível.

O Poder360 mostrou que a taxa média de juros do crédito consignado para trabalhadores da iniciativa privada atingiu 55,59% ao ano em maio. Subiu 14,73 pontos percentuais em relação a fevereiro, mês anterior ao anúncio do Crédito do Trabalhador.

Haddad também foi perguntado sobre as bets. Em tom crítico, disse que a situação é um “problema de saúde pública” e “virou uma praga”.

O ministro afirmou que apresentará um balanço ao presidente Lula a respeito do funcionamento do mercado regulado, que entrou em vigor em janeiro deste ano.

“Vamos apresentar para o presidente [um balanço], passados 6 meses da regulamentação deste governo que dependia de lei, porque também o Congresso demorou a aprovar a lei, colocou um prazo dilatado de transição”, declarou.

Haddad também voltou a dizer que há perda anual de R$ 40 bilhões “entre o que é depositado e o que é pago de prêmio”. O titular da Fazenda responsabilizou o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Herdamos um caos. O Bolsonaro perdeu, no mínimo, R$ 40 bilhões de impostos que deveriam ter sido cobrados e foram dados para as bets que mandaram esse dinheiro para fora do Brasil”, afirmou.

Por: Poder360

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