O império do Avestruz Master: o golpe de R$ 1 bilhão que enganou 40 mil brasileirosA pecuária é um dos pilares da economia uruguaia, respondendo por cerca de 30% das exportações totais do país. Com um rebanho próximo de 12 milhões de cabeças, criado majoritariamente em pastagens naturais, o Uruguai construiu ao longo das décadas uma reputação internacional baseada em qualidade, rastreabilidade e bem-estar animal, exportando carne bovina para mercados exigentes como China, União Europeia e Estados Unidos, com receitas anuais superiores a US$ 2 bilhões. window._taboola = window._taboola || []; _taboola.push({mode:'thumbnails-mid', container:'taboola-mid-article-thumbnails', placement:'Mid Article Thumbnails', target_type: 'mix'});Foi justamente essa imagem de solidez que serviu de base para atrair investidores ao longo de mais de duas décadas. Segundo reportagem da agência Bloomberg, por cerca de 25 anos, um grupo restrito de empresas arrecadou quase US$ 500 milhões oferecendo participações financeiras vinculadas à compra e engorda de bovinos. O modelo prometia retornos em dólar que, em alguns momentos, superavam 10% ao ano, algo extremamente atraente em um cenário de juros internacionais mais baixos. As principais empresas envolvidas foram Conexión Ganadera, República Ganadera e Grupo Larrarte. Em 2025, as três entraram em recuperação judicial ou tentaram reestruturações, revelando um enorme déficit de ativos. Foi nesse momento que veio à tona o principal problema: muitos investidores descobriram que os bovinos que acreditavam possuir simplesmente não existiam — ou eram muito menos do que constava nos contratos. Em comunicado aos investidores, o contador externo da Conexión Ganadera, Ricardo Giovio, foi direto ao descrever a situação. Segundo ele, o projeto “provavelmente começou como um negócio viável”, mas passou a operar no prejuízo. Com o tempo, a liquidez tornou-se o principal desafio, levando a empresa a usar novos aportes para honrar compromissos antigos. “Acabou se tornando um esquema de pirâmide”, afirmou Giovio, em declaração reproduzida pela Bloomberg. Os advogados que representam os sócios fundadores das empresas envolvidas informaram que não comentariam as acusações de fraude naquele momento, enquanto as investigações avançavam. Diferentemente de grandes fraudes corporativas, o golpe no Uruguai teve um forte componente social. De acordo com María Laura Capalbo, presidente da ordem nacional dos advogados e sócia do escritório Bragard, a maioria dos investidores eram uruguaios urbanos de classe média, sem ligação direta com o campo. “Para essas pessoas, o campo era sinônimo de prosperidade e estabilidade. Isto é uma crise social. Há pessoas que investiram todo o seu dinheiro nessas empresas”, afirmou a advogada, cujo escritório representa parte dos lesados. A confiança foi construída ao longo dos anos por meio de recomendações boca a boca, algo ainda muito forte no Uruguai, além da imagem de respeitabilidade e competência empresarial cultivada pelos fundadores das companhias. O caso uruguaio trouxe à memória um dos episódios mais marcantes do agronegócio brasileiro: o colapso das Fazendas Reunidas Boi Gordo, fundadas por Paulo Roberto de Andrade. Considerado até hoje o maior golpe financeiro do agro no Brasil, o esquema deixou prejuízos estimados em mais de R$ 6 bilhões, afetando cerca de 30 mil investidores. A semelhança entre os dois casos reforçou um alerta que atravessa fronteiras: nem mesmo setores tradicionais e aparentemente sólidos estão imunes a fraudes sofisticadas, especialmente quando envolvem investimentos financeiros travestidos de atividades produtivas. O desfecho do golpe do boi no Uruguai ainda segue em apuração, mas seus efeitos já são claros. Além do impacto financeiro direto, o caso gerou pressão por maior regulamentação, transparência e mecanismos de proteção ao investidor, mesmo em atividades ligadas ao campo. Como destacou a própria Bloomberg, o episódio representa “um duro golpe para um setor que administra quase 12 milhões de cabeças de gado”, colocando em xeque a confiança construída ao longo de décadas e deixando uma lição dura: no agro ou fora dele, promessas de retorno elevado exigem cautela redobrada — mesmo quando vêm embaladas pela tradição.
“Golpe do Boi”: Em 2025 a pecuária proporcionou o maior golpe financeiro da história do Uruguai
Caso que deixou cerca de US$ 300 milhões em prejuízos expôs fragilidades regulatórias na pecuária uruguaia, um dos setores mais respeitados da economia do país.
Caso que deixou cerca de US$ 300 milhões em prejuízos expôs fragilidades regulatórias na pecuária uruguaia, um dos setores mais respeitados da economia do país. Definido como “Golpe do Boi”, história ganhou os noticiários pelo mundo Em 2025, a pecuária — historicamente associada à estabilidade, tradição e segurança patrimonial — foi o centro de um dos maiores escândalos financeiros já registrados no Uruguai. Conhecido como “golpe do boi”, o caso revelou um esquema de fraude envolvendo investimentos em gado que resultou em prejuízos estimados em cerca de US$ 300 milhões, afetando aproximadamente 6 mil investidores, em sua maioria pessoas físicas da classe média urbana. A repercussão foi imediata e profunda. Em um país onde a criação de gado não é apenas uma atividade econômica, mas parte da identidade nacional, o episódio abalou a confiança no campo como sinônimo de prosperidade e segurança — algo que, até então, parecia inquestionável. Clique aqui para seguir o canal do CompreRural no Whatsapp
Por: Redação





