O ministro Gilmar Mendes, decano do STF (Supremo Tribunal Federal), firmou um acordo para encerrar um processo por danos morais contra os jornalistas Octávio Floro Barata Costa, presidente da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), e Tábata Viapiana. A ação foi movida após a publicação de uma reportagem na revista IstoÉ, em 2017.
Pelo acordo, os jornalistas e a revista devem apresentar retratação por escrito e doar R$ 10 mil ao IMDH (Instituto Migrações e Direitos Humanos). O valor será dividido entre os dois autores da matéria.
Em junho, a 3ª Turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça) havia condenado os jornalistas e a IstoÉ a pagar R$ 150.000 ao ministro. A decisão foi unânime e reverteu entendimentos de instâncias inferiores, que haviam considerado que a reportagem estava nos limites da liberdade de expressão.
O texto, intitulado “Negócio suspeito”, tratava da estatização de uma instituição de ensino em Mato Grosso ligada à família de Gilmar Mendes, registrada em nome de sua irmã. A publicação usou expressões irônicas para descrever a prática, o que, segundo o relator no STJ, ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, indicava intenção de ofender a honra do magistrado e associá-lo a condutas antiéticas e de favorecimento pessoal.
No X (ex-Twitter), Gilmar Mendes declarou que o acordo “reafirma a importância de que a liberdade de imprensa seja sempre exercida com responsabilidade” e destacou o trabalho humanitário realizado pelo IMDH.
A Editora Três, responsável pelas revistas IstoÉ e IstoÉ Dinheiro, anunciou em janeiro de 2025 o fim das versões impressas das publicações. Em comunicado enviado aos jornaleiros, a empresa informou que as revistas iriam operar exclusivamente no meio digital, encerrando o envio de exemplares às bancas.
O movimento reflete uma tendência global no setor editorial, com empresas migrando para o digital diante da queda na circulação de impressos e da mudança nos hábitos de consumo de mídia. Entretanto, a decisão da editora pode estar relacionada a questões financeiras.
Fundada por Domingo Alzugaray, que morreu em 2018, a empresa já iniciou 2 processos de recuperação judicial, incluindo um aberto em 2020 e ainda não finalizado. O outro processo começou em 2007.
Em uma das ocasiões, leiloou o galpão que abrigava sua gráfica em Cajamar (SP), com dívidas acumuladas de R$ 264 milhões. Eis a íntegra do laudo de avaliação do imóvel (PDF – 831 kB).
Em 2022, o empresário Antonio Freixo Júnior, sócio da Entre Investimentos, empresa de consultoria em gestão empresarial e serviços financeiros, adquiriu o portal da editora por R$ 15 milhões em um leilão. Conforme o edital, a compra garantiu a propriedade digital dos veículos. Leia a íntegra do edital (PDF – 316 kB).