• Terça-feira, 18 de novembro de 2025

Galípolo não dá prazo para implantação do Drex: “Ainda vamos anunciar”

O BC decidiu construir nova infraestrutura para o Drex, a futura "moeda digital" do Brasil. Projeto enfrenta atraso e mudará o foco em 2026

O presidente do (BC), , saiu pela tangente ao ser questionado sobre o cronograma para a implementação do Drex, a futura moeda digital do Brasil, que vinha sendo apresentada como um dos principais projetos da autoridade monetária. Na semana passada, . O anúncio foi feito durante uma reunião com participantes do projeto-piloto do Drex, no dia 4 de novembro. A informação foi publicada inicialmente pelos sites Block News e Finsiders e confirmada pelo Metrópoles com fontes que acompanham as tratativas. “O Drex também passa por essa dificuldade de explicar um tema que é um pouco mais árido. Desde as minhas primeiras falas, eu disse que o Drex não era uma moeda digital tradicional”, explicou Galípolo, nesta quarta-feira (12/11), . “A ideia que alguns entenderam era a de que você teria realmente uma moeda emitida pelo BC e poderia, inclusive, passar por cima de uma intermediação bancária. O Drex nunca foi isso. Sempre uma ideia de tokenização de depósitos e ativos financeiros da economia real.” Segundo o chefe da autoridade monetária, “nos últimosa nos, o BC investiu tempo para conseguir desenvolver isso a partir de uma tecnologia específica”. “O que fizemos recentemente é entender que temos de ser agnósticos, do ponto de vista da tecnologia. O mandato do BC não é usar uma tecnologia nova, é resolver problemas para a população. A área de tecnologia é que vai dizer qual é a tecnologia mais adequada para fazer aquilo”, afirmou. “Após quatro anos, uma tecnologia não se revelou viável. E existem hoje maneiras de atender a isso que a gente quer. Com essa infraestrutura, que é o Drex, a gente espera que a população comece a usufruir de novos serviços e funcionalidades”, prosseguiu o presidente do BC. Galípolo foi perguntado, então, se havia um novo cronograma para a implementação do Drex, uma vez que o projeto passou por uma série de atrasos e adiamentos. “Não necessariamente”, respondeu o chefe do BC. “Quando poderemos ter essa rede funcionando? Ainda vamos anunciar”, disse Galípolo. E completou: “Não queremos uma tecnologia em busca de um problema. Nós temos um problema e queremos encontrar a solução da maneira mais adequada”. O que mudou O BC já havia anunciado que a chamada “fase 3” do projeto não utilizaria a tecnologia blockchain – que é um registro digital descentralizado, por meio do qual informações são agrupadas em blocos conectados por criptografia para formar uma cadeia. Nesse modelo, a validação das transações é feita pela rede de participantes, e não por uma autoridade central. Com isso, a rede Hyperledger Besu, que havia sido a escolhida como a base do Drex, foi desativada. O desligamento da plataforma de tecnologia utilizada nas duas primeiras fases do Drex era uma demanda de parte do mercado, que alegou que haveria um custo muito elevado para a manutenção do ecossistema digital. Segundo o BC, o mercado será ouvido no debate sobre novos formatos para a infraestrutura digital do Drex. O relatório da fase 2 do processo envolvendo a futura moeda digital brasileira, que seria entregue em outubro, deve ser conhecido apenas no começo de 2026. A fase 3 deve dar prosseguimento aos estudos sobre a implementação do Drex, com enfoque na eficiência do uso de ativos como garantia para operações de crédito. Essa etapa está prevista para o ano que vem. A funcionalidade de pagamentos estaria sendo revista pelo BC, deixando de ser prioridade. Próximos passos Até o momento, o BC não informou mais quantas fases serão necessárias para a conclusão . Também não está definido se haverá utilização de blockchain nas próximas fases. Apesar da mudança de foco, pessoas próximas às discussões sobre o Drex afirmam que o projeto “não morreu” e continua de pé. , empresas encaminharam propostas ao BC para participar do projeto, seguindo um protocolo específico. Ao final dessa etapa inicial, 16 propostas foram selecionadas. Em seguida, na segunda e terceira fases, o BC escolheu 13 de mais de 40 temas recebidos para serem desenvolvidos por instituições e consórcios que haviam sido selecionados na fase 1. Entenda como era o plano do Drex , o Drex será a primeira moeda digital oficial do Brasil. Em linhas gerais, trata-se de uma representação da cédula física do real, só que disponibilizada em uma plataforma 100% digital. A ideia do BC era a de que a futura moeda digital seguisse exatamente os mesmos fundamentos e padrões de valor e estabilidade que vigoram no caso do real físico. Ela seria emitida pelo BC e funcionaria com uma extensão da moeda física. Sua distribuição ao público seria feita por meio de bancos e instituições de pagamento. Segundo o BC, o Drex poderia ser utilizado em todas as atividades financeiras disponíveis atualmente, como empréstimos, seguros ou investimentos. Novas possibilidades de uso, como em “contratos inteligentes”, também são consideradas. No caso da venda de um veículo, por exemplo, não haveria a discussão se caberia ao comprador depositar o valor antes de pegar o carro ou se o vendedor teria de transferir os documentos antes de receber o dinheiro. Todo o processo seria feito instantaneamente, por meio de um contrato automatizado, o que reduziria a burocracia. Ainda de acordo com a autoridade monetária, uma das diretrizes seguidas para a criação do Drex é a interoperabilidade – capacidade de um sistema de se comunicar com outro – com os meios de pagamento disponíveis atualmente. Com isso, os usuários da moeda digital poderiam fazer pagamentos em lojas, por exemplo, por meio de seu prestador de serviço de pagamento – seja um banco ou outra instituição autorizada pelo BC –, além do Pix. Uma outra possibilidade de uso do Drex é na transferência de reais digitais para outras pessoas. Nessa transferência, esses valores poderiam se transformar em um depósito bancário convencional e os beneficiários poderiam sacar o dinheiro em cédulas.
Por: Metrópoles

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