França começa a julgar jovens acusados de prostituir menores
Acusados gerenciavam anúncios, clientes, tarifas e o aluguel de quartos na região parisiense e em Marselha, no sul do país
Sete jovens – entre eles uma mulher – começaram a ser julgados nesta segunda-feira (15/9), pelo , nos arredores de Paris. Eles são acusados de envolvimento em um esquema de prostituição de quatro adolescentes, com idades entre 13 e 15 anos, que teriam sido exploradas sexualmente por quase um ano.
Durante mais de um ano, os acusados – alguns ainda estudantes do ensino médio quando foram detidos – gerenciavam anúncios, clientes, tarifas e o aluguel de quartos na região parisiense e em Marselha, no sul da .
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As jovens eram levadas a hotéis ou quartos via mas também realizavam programas em carros de clientes, e cobravam € 70 (pouco mais de R$ 400) por programa.
A investigação teve início após uma denúncia anônima. A polícia conduziu uma operação por vários meses, até outubro de 2021, quando um homem de 19 anos foi detido em um quarto de hotel com uma adolescente de 14 anos, que havia fugido de um abrigo de menores. Identificado como Warren M., ele é apontado como o líder do grupo. Segundo os investigadores, o jovem, descrito como agressivo e impulsivo, é “preocupado com uma única coisa: a rentabilidade” das meninas.
Um psiquiatra concluiu que Warren não sofre de transtornos mentais, mas o descreveu como alguém com “personalidade manipuladora e perversa”, sem empatia e com “desprezo pelas leis e normas sociais”. Mesmo assim, seu advogado afirma que o jovem reconheceu sua participação e pretende assumir sua responsabilidade diante dos fatos.
Os outros acusados têm atualmente entre 19 e 25 anos.
Algumas vítimas tinham apenas 13 anos
Uma das vítimas tinha apenas 13 anos quando foi forçada a se prostituir por quase um ano. Os investigadores estimam que ela tenha feito cerca de 40 programas em menos de um mês. As outras três adolescentes foram exploradas por períodos mais curtos, mas também sofreram abusos intensos.
Todas as vítimas compartilham um histórico de vulnerabilidade. Três delas viviam em abrigos do sistema público de proteção à criança e ao adolescente (, em francês) e tinham histórico de fugas. Após deixarem as instituições, elas eram rapidamente capturadas pelos aliciadores.
Uma das vítimas, que também tinha 13 anos quando foi capturada pelo grupo, diz que era vigiada 24 horas por dia e ameaçada constantemente. “Assim que tentei parar, vieram as ameaças. Hoje, só estou livre porque o principal acusado está atrás das grades.”
“Estou morta por dentro”
Cinco anos após o início do esquema, as marcas do trauma permanecem. “Eles me mataram, estou morta por dentro”, declarou uma das vítimas, segundo relatou à imprensa sua advogada, Marion Ménage.
De acordo com a advogada Caty Richard, a prostituição se tornou mais lucrativa para jovens delinquentes da França do que o tráfico de drogas. “Dá dinheiro e ninguém se importa com essas meninas”, denunciou em entrevista ao canal Franceinfo.
Segundo estimativas, cerca de 20 mil menores estão envolvidos com prostituição no país, um número que aumentou 70% nos últimos cinco anos.
O julgamento vai durar quinze dias e é realizado a portas fechadas, pois se trata de um tribunal penal para menores. Os sete acusados podem pegar de 10 a 20 anos de prisão.
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Por: Metrópoles