Projetos na área de ESG (ambientais, sociais e de governança) exigem esforço especial para se viabilizar, disseram especialistas e gestores no evento “Global Meeting – Finanças Sustentáveis”, promovido nesta 3ª feira (17.jun.2025) em Brasília pelo Instituto Global ESG. Uma das principais necessidades apontadas é compartilhar o risco nessas iniciativas entre diferentes instituições privadas e públicas.
O presidente da Fin (Confederação Nacional das Instituições Financeiras), Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara dos Deputados, disse que o mercado de crédito de carbono pode ajudar projetos na área ambiental com a captação de recursos diretamente e com o compartilhamento de riscos.
Os créditos são ofertados por empresas e instituições que têm certificados de redução de emissões de carbono. O sistema brasileiro foi implantado por lei em dezembro de 2024. É possível também comprar e vender créditos em sistemas de outros países.
A venda desses créditos, ao ser usada como parte do financiamento de um projeto ambiental, pode reduzir a necessidade de empréstimo no sistema financeiro. Com isso, o risco de quem empresta será menor e também os juros.
“O mercado de carbono efetivamente pode gerar valor e o Brasil certamente é um país que vai ser muito beneficiado por isso”, afirmou Maia.
O deputado Flávio Nogueira (PT-PI), presidente da FPESG (Frente Parlamentar ESG na Prática) afirmou que o Brasil tem muito a oferecer a outros países por sua matriz de energia predominantemente renovável. “Temos que avançar mais para ter maior crédito, não só crédito de carbono, mas crédito na comunidade internacional”, afirmou Nogueira.
As representantes da Domani Global, Mariana Castro, e da Elo, Andreia Limão e Caroline Celich, destacaram que o mercado de crédito de carbono tende a se tornar mais robusto e sofisticado no Brasil, o que mitigará a desconfiança que ainda existe com a qualidade dos créditos comprados.
O presidente do Instituto Global ESG, Alexandre Arnone, disse que a instituição está envolvida com o que chamou de causa do ESG focada no bem nacional e não só apenas voltada para a atuação das empresas. “Todo mundo comenta o que está envolvido no ESG. Pouco se comenta da questão da economia circular. O futuro da nação não é a reciclagem, mas a reutilização”, disse.
O vice-presidente do instituto, Sóstenes Marchezine, destacou a necessidade de convergência entre os diversos atores do setor para se construir um ambiente em que as práticas possam realmente contribuir para que o Brasil atinja suas metas de ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável).
“Os desafios da convergência é demonstrar que não se tirará o protagonismo de ninguém. Na verdade, trazendo isso para um cenário de conversa na mesma mesa, o protagonismo de cada um será ressaltado. Então, não é dizer que uma plataforma, um sistema, nenhuma inteligência ou pesquisa é melhor do que a outra. Na verdade, todos são complementares e a engrenagem para acontecer essa estabilidade é o ESG. É com essa visão de convergência que o programa ESG vai se estabelecer”, disse.
O gerente em soluções sustentáveis do Banco do Brasil, Vilmar Thewes, afirmou que a sustentabilidade evoluiu ao longo dos anos de uma visão filantrópica para o setor de negócios. Afirmou que em 2 anos, a instituição captou R$ 40 bilhões no mercado internacional para investimentos em ESG no Brasil até 2030.
Para o presidente da Abrig (Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais), Jean Castro, não há espaço na sociedade e no setor empresarial para uma “involução” do ESG. Ele defendeu que os profissionais do setor atuem para traduzir da melhor forma possível os conceitos e as ações para que todos os interlocutores se sintam imbuídos para trabalhar em prol da sustentabilidade.