
Entenda por que sentimos vontade de comer mesmo após as refeições
Desequilíbrio entre os hormônios grelina e leptina pode enganar o cérebro e dificultar o controle do apetite aumentando a fome "inventada"
Sentir fome mesmo depois de comer é uma queixa mais comum do que parece. científica: ele está ligado ao funcionamento de uma complexa rede de hormônios que controla a fome e a saciedade.
Quando esse sistema se desregula, o cérebro pode interpretar de forma errada os sinais enviados pelo corpo e induzir a busca por mais comida, mesmo quando há energia suficiente armazenada.
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Como o corpo regula o apetite
Eles trabalham como se fossem acelerador e freio. A grelina é produzida no estômago e estimula o apetite quando o órgão está vazio.
Já a leptina é secretada pelas células de gordura e sinaliza ao cérebro que já há energia suficiente armazenada. “Enquanto a grelina estimula a fome, a leptina ajuda a diminuí-la”, explica o endocrinologista Ricardo Paiva, da Santa Casa de Bragança Paulista.
Quando o equilíbrio entre elas é rompido, , fazendo com que a pessoa sinta fome mesmo após uma refeição completa.
A endocrinologista Taciana Mara Rezende, do Hospital Municipal Universitário de Taubaté (HMUT), lembra que para controlar o apetite.
“Além da grelina e da leptina, hormônios como o GLP-1, o peptídeo YY e a insulina também atuam nesse processo, em conjunto com o hipotálamo”, afirma.
O impacto dos ultraprocessados
A alimentação moderna é uma das principais causas de desequilíbrio hormonal. O consumo excessivo de provoca picos de glicose e insulina que logo caem, despertando novamente a fome.
“Dietas ricas em açúcar e carboidratos simples podem levar à resistência à leptina e à insulina, dificultando que o cérebro perceba a saciedade”, destaca Paiva.
de alimento para atingir a mesma sensação de satisfação. Além disso, ultraprocessados alteram a microbiota intestinal e ativam o sistema de recompensa do cérebro, liberando dopamina e estimulando o desejo de comer cada vez mais — mesmo sem necessidade fisiológica.
Desequilíbrio nos hormônios da fome pode fazer o corpo pedir comida mesmo quando já há energia suficiente armazenada
Sono e estresse também influenciam
Dormir pouco e viver sob estresse crônico afeta diretamente os hormônios da fome. Noites mal dormidas aumentam a produção de grelina e reduzem a leptina,
“O estresse eleva o cortisol, hormônio que favorece o acúmulo de gordura abdominal e intensifica a fome emocional”, explica Taciana.
A endocrinologista acrescenta que a falta de descanso adequado também interfere no metabolismo da insulina e pode comprometer o controle glicêmico, favorecendo o ganho de peso. “A interrupção do ciclo do sono afeta a inibição natural da fome que ocorre à noite, deixando o organismo em constante alerta”, completa.
O perigo das dietas restritivas
As chamadas dietas muito restritivas também podem desregular o sistema hormonal. Quando a “Nessas situações, há aumento da produção de grelina, o que intensifica o apetite e torna difícil manter o plano alimentar por muito tempo”, explica Paiva.
Além disso, pessoas com sobrepeso ou obesidade podem ter deficiências nutricionais que afetam o metabolismo. Por isso, segundo o especialista, uma avaliação médica e laboratorial é essencial antes de qualquer mudança alimentar.
Como restabelecer o equilíbrio
O controle da fome e do peso corporal depende da harmonia entre corpo, mente e hormônios. Para recuperar o equilíbrio, especialistas recomendam. Evitar ultraprocessados e priorizar refeições completas e naturais ajuda a manter a liberação hormonal dentro dos níveis normais.
Quando os hormônios da fome e da saciedade funcionam de forma sincronizada, o corpo tende a buscar o equilíbrio de maneira natural — sem necessidade de dietas extremas ou privações exageradas.
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Por: Metrópoles