Cerca de 2/3 das mulheres do Rio de Janeiro ouvidas pela “Pesquisa Nascer no Brasil 2” relataram ter sofrido violência obstétrica no parto. Os toques vaginais inadequados foram a forma de violência mais frequente, sofrida por 46% das entrevistadas. Em seguida vêm os relatos de negligência, feitos por 31%, e de abuso psicológico, por 22%.
A pesquisa, feita Fundação Oswaldo Cruz, é o maior levantamento sobre parto e nascimento do Brasil. O suplemento sobre a situação do Rio foi divulgado na 4ª feira (3.set.2025), com informações de 1.923 mulheres, admitidas em 29 maternidades públicas, privadas e mistas, de todas as regiões do Estado de 2021 a 2023. Os dados completos do país serão divulgados em 2026.
A maior parte das mulheres que foram vítimas de toques inadequados contou que eles foram feitos sem explicação ou consentimento. Também são numerosos os relatos de exames vaginais feitos sem privacidade.
Já os relatos de negligência mais frequentes foram a longa espera por atendimento e o sentimento de que estavam sendo ignoradas pela equipe do hospital.
Na categoria de abuso psicológico, chama a atenção a quantidade de mulheres que foram repreendidas ou ouviram alguma bronca dos profissionais.
“Quem é que sofreu o maior número de violências? Mulheres que eram jovens, adolescentes e as mais velhas; mulheres que tinham baixa escolaridade e as que recebiam benefícios sociais do governo, ou seja, as mais pobres. Quanto ao financiamento do parto, é maior a violência no setor público. Também é maior a violência no parto vaginal, porque a mulher fica em contato com os profissionais de saúde por mais tempo. Inclusive, quanto mais tempo ela ficar no hospital, maior a chance de ter uma violência obstétrica”, disse a coordenadora-geral da pesquisa, Maria do Carmo Leal.
A pesquisa também mostra que 53 parturientes passaram pela chamada manobra de Kristeller, quando o profissional empurra ou sobe em cima da pessoa durante o parto vaginal, para acelerar a saída do bebê. O procedimento é proibido por lei estadual desde 2016 e é desaconselhado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e pelo Ministério da Saúde, por causa dos danos que pode causar à parturiente e ao bebê.
O estudo destaca que, se a prevalência da pesquisa for projetada para todos os nascimentos ocorridos no estado em 2022, “cerca de 5.600 mulheres sofreram uma das formas mais graves de violência física durante o parto no Estado”.
Com informações da Agência Brasil.