Dólar vai a R$ 5,58, maior valor em 5 meses, com eleições e Bolsonaro
Além da cena eleitoral, mercado repercutiu projeções para inflação, tarifaço da China sobre a União Europeia e tensão entre EUA e Venezuela
O abriu a semana em forte alta, em um dia no qual os investidores voltaram suas atenções, mais uma vez, ao noticiário político-eleitoral, evidenciando a preocupação do mercado com a disputa pela Presidência da República no ano que vem.
Além do cenário político, também chamaram atenção as projeções mais recentes do mercado financeiro sobre os indicadores da economia brasileira, conhecidos na nova edição do Relatório Focus, do Banco Central (BC).
No front internacional, as atenções se voltaram para a , que anunciou tarifas comerciais temporárias sobre alguns produtos lácteos importados da União Europeia (UE), o que reavivou o temor acerca dos impactos de uma guerra comercial global.
Dólar
A moeda norte-americana terminou a primeira sessão da semana em forte alta de 0,99%, negociada a R$ 5,584. Foi o maior valor em quase cinco meses, desde o dia 30 de julho.
Na cotação máxima do dia, o dólar bateu R$ 5,607. A mínima foi de R$ 5,518.
Na sessão da última sexta-feira (19/12), .
Com o resultado, a moeda dos Estados Unidos acumula ganhos de 3,63% em dezembro e perdas de 10,53% em 2025 frente ao real.
Ibovespa
O , principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (), operava em leve queda na reta final do pregão.
Por volta das 17 horas, o indicador recuava 0,17%, aos 158,2 mil pontos.
No último pregão da semana passada, o Ibovespa subiu 0,35%, aos 158,4 mil pontos.
Com o resultado, a Bolsa brasileira acumula queda de 0,38% no mês e valorização de 31,75% no ano.
Entrevista de Bolsonaro e foco nas eleições
No primeiro pregão da semana, já na reta final de 2025, os investidores voltaram suas atenções para o cenário político-eleitoral, evidenciando a preocupação com a sucessão do presidente (PT) em 2026.
Nas últimas semanas, desde que o senador (PL-RJ) foi lançado informalmente como potencial candidato à Presidência da República com o apoio do pai, o ex-presidente (PL), o mercado reagiu de forma negativa por entender que o nome do parlamentar não é o mais competitivo em uma eventual disputa contra Lula no ano que vem.
Amplos setores do mercado financeiro apostavam na escolha do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como o candidato da direita e da centro-direita contra o atual governo. Com Flávio no páreo, os investidores agora já precificam a saída de Tarcísio do jogo da sucessão presidencial e sua provável candidatura à reeleição para o governo paulista.
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Ainda na seara política, o mercado aguarda com expectativa .
O veículo de comunicação escolhido pelo próprio ex-presidente é o Metrópoles. A conversa exclusiva com Bolsonaro será nessa terça-feira (23/12), na carceragem da Superintendência da Polícia Federal (PF) em Brasília (DF), onde o ex-presidente cumpre pena de 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado.
A última vez que Bolsonaro falou à imprensa foi no dia 15 de julho. Três dias depois, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), impôs medidas cautelares ao ex-presidente – como uso de tornozeleira eletrônica e proibição de postar conteúdo em redes sociais.
A entrevista ao Metrópoles será conduzida .
Estimativa de inflação cai pela sexta semana seguida
Analistas do mercado financeiro consultados pelo BC reduziram novamente as estimativas de inflação para este ano de 2025. .
Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), a projeção subiu para 2,26%. Para 2026, a projeção de crescimento do PIB continua em 1,80%.
De acordo com o relatório, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, deve terminar este ano em 4,33%, ante 4,36% da semana anterior.
Segundo o Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta de inflação para este ano é de 3%. Como há intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, a meta será cumprida se ficar entre 1,5% e 4,5%.
Em relação à taxa básica de juros da economia, a Selic, o mercado financeiro manteve a estimativa para o fim de 2025 em 15% ao ano.
Para 2026, a projeção foi reduzida de 12,13% para 12,25% ao ano. Para 2027, o mercado manteve a estimativa para a Selic em 10,50% ao ano.
Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a Selic foi mantida em 15%. A próxima reunião do colegiado está marcada para os dias 27 e 28 de janeiro.
A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para controlar a inflação. A Selic é utilizada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas da economia.
O Relatório Focus resume as expectativas de mercado coletadas até a sexta-feira anterior à divulgação. O boletim é divulgado, normalmente, às segundas-feiras.
O relatório traz a evolução gráfica e o comportamento semanal das projeções para índices de preços, atividade econômica, câmbio (dólar), taxa Selic, entre outros indicadores.
Confiança do consumidor é a maior em 1 ano
Ainda no âmbito doméstico, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), registrou alta de 0,4 ponto em dezembro, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (22/12) pela instituição.
Neste mês, de acordo com o levantamento da FGV, o indicador ficou em 90,2 pontos. .
Em médias móveis trimestrais, o indicador que mede a confiança do consumidor brasileiro avançou 0,9 ponto, para 89,5 pontos.
De acordo com o levantamento da FGV, a alta na confiança do consumidor em dezembro foi influenciada pelos dados positivos sobre a expectativa para os próximos meses. O Índice de Expectativas (IE) avançou 1,4 ponto, para 95,2 pontos.
O Índice de Situação Atual (ISA), por sua vez, registrou queda de 1,4 ponto, para 83,4 pontos.
“A confiança do consumidor subiu pelo quarto mês seguido, impulsionado pela melhora das expectativas para os próximos meses, enquanto os indicadores que refletem a percepção sobre o momento atual recuaram. Entre as faixas renda, o avanço da confiança foi mais expressivo entre os consumidores de menor renda”, afirma a economista Anna Carolina Gouveia, economista do FGV Ibre.
“Nos últimos meses, a evolução do ICC vem sendo impulsionada sobretudo pelas expectativas, enquanto os indicadores de situação atual sugerem um quadro ainda desafiador para as famílias. Tais resultados refletem um consumidor menos pessimista, apoiado por um mercado de trabalho aquecido e maior poder de compra, enquanto as restrições financeiras associadas aos elevados níveis de endividamento e inadimplência continuam pressionando o orçamento”, completa Anna Carolina.
China anuncia tarifas sobre produtos da União Europeia
No cenário internacional, . De acordo com um comunicado divulgado pelo Ministério do Comércio chinês, as taxas devem variar entre 21,9% e 42,7% e entram em vigor na terça-feira (23/12).
Uma série de produtos serão afetados, entre os quais queijos frescos e processados, queijo azul e alguns tipos de leite e creme. As autoridades de Pequim abriram uma investigação a respeito de subsídios aos produtos europeus em agosto do ano passado, atendendo a um pedido da Associação Chinesa de Laticínios. O processo deve ser concluído em fevereiro de 2026.
Segundo o governo da China, as conclusões preliminares dessa apuração indicariam uma suposta ligação entre os subsídios e “danos substanciais” à indústria chinesa de laticínios.
A decisão de Pequim de tarifar produtos lácteos da Europa é anunciada dias depois de Pequim ter colocado em prática tarifas sobre importações de carne suína da UE por um período de cinco anos.
Essas tarifas entraram em vigor no último dia 17 e vão de 4,9% e 19,8%.
Escalada na tensão entre EUA e Venezuela
Ainda no âmbito externo, os investidores continuam monitorando a escalada de ameaças entre EUA e Venezuela – o que tem afetado diretamente a cotação do petróleo no mercado internacional.
. As agências de notícias Reuters e Bloomberg informaram, no fim de semana, que o navio estaria ainda sendo perseguido pela Marinha dos EUA. A embarcação seria o petroleiro Bella 1, de bandeira panamenha, que havia sido alvo de sanções dos EUA.
O jornal The New York Times publicou, nesse domingo (21/12), que as forças norte-americanas tentaram embarcar no navio, que não teria permitido a abordagem inicialmente. A situação está em desenvolvimento, segundo a publicação.
A ação acontece após Trump anunciar que bloquearia navios “petroleiros sancionados” na região do Caribe venezuelano. A primeira apreensão de um navio venezuelano ocorreu no dia 10.
A apreensão de navios petroleiros faz parte da ordem emitida por Trump para o bloqueio aéreo e naval à Venezuela. A medida inclui a interceptação de navios sancionados pelos norte-americanos que entrem na Venezuela ou saiam do território venezuelano transportando petróleo.
A medida de interceptação das embarcações petrolíferas da Venezuela ocorreu diante da escalada de tensão entre os dois países. Segundo Trump, isto será feito até que o ditador venezuelano, Nicolás Maduro, deixe o país.
Análise
Segundo Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad, o dólar apresentou “alta consistente em relação ao real” e o Ibovespa recua em um pregão de “menor liquidez”.
“O sentimento é de certa aversão a risco, em meio a renovadas tensões geopolíticas, o que motivou novos recordes de preço para o ouro e para a prata, além de altas consistentes para o petróleo”, avalia. “Nos EUA, o rali de fim de ano aproxima os índices de ações de suas máximas, após um início de dezembro com volatilidade. Normalmente, os últimos cinco pregões do ano trazem desempenhos positivos para o S&P 500, apesar da ausência de indicadores importantes para acompanhar.”
Por: Metrópoles





