• Quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Dólar sobe e Bolsa cai com “shutdown” do governo Trump e IR no Brasil

Moeda americana subiu 0,11%, cotada a R$ 5,32, enquanto o Ibovespa caiu 0,49%, aos 145.517 pontos, com incerteza que dominou mercados

O tom de cautela marcou, nesta quarta-feira (1/10), os mercados de câmbio e ações no Brasil. Na avaliação de analistas, o comportamento dos investidores foi resultado de incertezas que foram desde a paralisação (“shutdown”) do governo dos Estados Unidos à votação do projeto de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil no Brasil. Com isso, o registrou alta de 0,11% frente ao real, cotado a R$ 5,32. Como a variação foi relativamente pequena, na prática, houve estabilidade do câmbio. Já o , o principal índice da Bolsa brasileira (), caiu 0,49%, aos 145.517 pontos. Leia também O desempenho da moeda americana em relação ao real não foi tão distante do apresentado globalmente. O índice DXY, que mede a força do dólar frente a uma cesta com seis divisas de países desenvolvidos (euro, iene, libra esterlina, dólar canadense, coroa sueca e franco suíço), recuava 0,06%, a 97.76 pontos, pouco antes das 17 horas. “Shoutdown” de Trump No cenário internacional, o principal vetor dos mercados foi o “shutdown” do governo de , iniciado depois que não houve acordo entre democratas e republicanos para a aprovação do orçamento americano. Nesse caso, a incerteza ganhou corpo à medida que o mercado processou que a paralisação de áreas da administração pode afetar a divulgação de dados econômicos importantes. Esse é o caso do “payroll”, que trata do mercado de trabalho, cuja veiculação dos dados é aguardada na sexta-feira (3/10). O “payroll” é um dos dados mais relevantes sobre emprego nos EUA. Ele é usado pelos agentes econômicos para calibrar as expectativas em relação a novos cortes de juros por parte do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). A cada divulgação dos números, os mercados globais de câmbio e ações reagem de maneira imediata. Economia fraca Ainda assim, mais um dado sobre trabalho foi divulgado nesta quarta-feira nos EUA. O setor privado americano fechou 32 mil vagas em setembro, a maior queda desde março de 2023, segundo informações da Automatic Data Processing (ADP). A previsão era de uma abertura (e não fechamento) de 45 mil postos. O número de vagas de agosto foi revisado para baixo. Ele passou da criação de 54 mil para a eliminação de 3 mil. Na avaliação de Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, o relatório ADP reforçou sinais de enfraquecimento da economia americana, o que derrubou o retorno sobre os títulos da dívida do país, os Treasuries. “O movimento reduziu o apelo global da moeda e se refletiu na queda do índice DXY”, diz. “No Brasil, o ainda elevado diferencial de juros (a diferença entre a taxa americana, com tendência de queda, e a Selic elevada, a 15% ao ano) reforça a atratividade do real no curto prazo.” Ibovespa Já o Ibovespa, que começou o dia em alta, virou para o campo negativo durante a manhã, puxado pela queda dos papéis de instituições financeiras, que têm grande peso no índice. Às 16h15, por exemplo, as ações do Itaú caíam 1,79%; as do Bradesco, 1,90%; e as do Banco do Brasil, 1%. O setor está na mira de uma emenda do projeto de lei do Imposto de Renda (IR), que deve ser votado nesta quarta-feira (1/10). A medida aumenta a Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) dos bancos com ganho anual de mais de R$ 1 bilhão. Por outro lado, observa Marcelo Bolzan, sócio da The Hill Capital, alguns papéis reduziram o nível da queda do Ibovespa. “A Vale vem subindo muito por conta de o presidente da companhia (Gustavo Pimenta) ter falado que a empresa voltará a ser a maior produtora de minério de ferro, posto que havia perdido há alguns anos”, afirma. “A Braskem também sobe com o Cade dando sinal verde para uma possível compra da empresa pelo investidor Nelson Tanure.” Bolzan destaca, contudo, que, no geral, o dia foi de cautela. “Dependendo do tempo da paralisação nos EUA, ela poderá trazer também impacto para o PIB americano”, diz. “Tivemos o último shutdown no primeiro governo Trump, com 35 dias de paralisação e uma estimativa em torno de US$ 11 bilhões que se perderam em relação ao produto. Os impactos vão depender do tempo de ‘shutdown’.” Neste momento de dúvida, acrescenta o analista, aumenta a procura por investimentos mais seguros como o ouro, que vem batendo máximas históricas.
Por: Metrópoles

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