• Domingo, 3 de agosto de 2025

Documento apreendido não planejava golpe, diz tenente-coronel

Hélio Ferreira Lima afirmou que o arquivo chamado “Operação Luneta” era um estudo hipotético.

O tenente-coronel do Exército Hélio Ferreira Lima disse nesta 2ª feira (28.jul.2025) ao STF (Supremo Tribunal Federal) que o documento chamado “Operação Luneta”, apreendido em um pendrive que estava em sua posse, não era um plano de golpe, mas um “estudo de cenário prospectivo”.

O militar foi 1 dos 5 presos na operação Contragolpe, da PF (Polícia Federal), que mirou os chamados “kids pretos”, suspeitos de planejarem matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu vice, Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes. Ele foi interrogado na ação penal que apura a tentativa de golpe de Estado depois das eleições presidenciais de 2022. Segundo a PF, o arquivo atribuído a Lima descrevia medidas para “restabelecer a lei e a ordem”, sugerindo a “neutralização da capacidade de atuação” do Supremo, com menções a Moraes.

O tenente-coronel afirmou que o documento foi elaborado no setor de inteligência da 6ª Divisão do Exército, em Porto Alegre (RS), onde atuava como oficial. Disse que o material fazia parte de uma rotina de projeções de cenários e negou qualquer caráter operacional. Segundo ele, tratava-se de uma ferramenta prevista em manuais militares, sem ordens definidas ou objetivos concretos.

“Era apenas uma ferramenta para projeções hipotéticas. Não continha etapas de execução e foi abandonado em 2 dias. Eu não tinha capacidade de transformar aquilo em ação, estava 2 níveis acima de mim na hierarquia”, disse.

Ele afirmou que o cenário descrito partia da hipótese (que ele classificou como “puramente teórica”) de que fraudes pudessem ser detectadas nas urnas eletrônicas. Disse ainda que não havia previsão de ruptura. “Mesmo no caso de uma fraude ser comprovada, não havia nenhuma menção a eliminar autoridades nem a medidas ilegais”, declarou.

Além do documento, Lima foi questionado sobre trocas de mensagens com o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL). Ele confirmou que repassou a Cid um arquivo que circulava em grupos de manifestantes e discutia o código-fonte das urnas eletrônicas. Declarou, porém, que não tinha intenção de estimular ações contra o sistema eleitoral:

“Eu li rapidamente e enviei dizendo apenas que valia a pena analisar. Não pedi para divulgar, não manifestei opinião. O Brasil estava polarizado, e eu acompanhava o cenário dos dois lados porque era oficial de inteligência”, afirmou.

Segundo o militar, o contato com Cid tinha o objetivo de tentar reduzir tensões. Ele disse que acompanhava manifestações em frente a quartéis em Porto Alegre e buscava “evitar que a situação se tornasse violenta”.

“Meu sonho era que aquilo acabasse. Eu queria que o presidente mandasse as pessoas para casa antes que fosse necessário o uso do Exército. Eu não queria ver soldados enfrentando manifestantes enrolados na bandeira do Brasil”, disse.

Segundo a denúncia da PGR (Procuradoria Geral da República), os integrantes do núcleo 3 seriam responsáveis pelas “ações de campo” relacionadas ao monitoramento e neutralização de autoridades públicas. Também são acusados de promover ações táticas para “convencer e pressionar o alto comando do Exército a ultimar o golpe”.

Os réus são:

Acompanhe a transmissão ao vivo do interrogatório:

 

Por: Poder360

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