
“Desconfie de promessas”, diz especialista sobre suplementos ilegais
Anvisa revela que 65% dos suplementos alimentares analisados em 2025 foram considerados impróprios para uso. Veja riscos e como se proteger
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), 65% dos suplementos alimentares analisados em 2025 foram . A maioria das irregularidades está na composição do produto, incluindo o uso de ingredientes não permitidos e substâncias com níveis além do autorizado. Também foram detectadas falhas na comprovação de validade.
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Cerca de 63% dos processos investigativos da agência entre 2020 e 2025 estão ligados a suplementos, sendo a maioria deles associados à propaganda enganosa. Os dados foram divulgados durante audiência pública na Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados em 19 de agosto.
De acordo com a presidente do Instituto de Pesquisas e Estudos da Sociedade e Consumo (IPSConsumo), Juliana Pereira, se o produto não apresentar lista de ingredientes, porção, informação nutricional e todas as advertências necessárias, há indício de irregularidade.
“Sempre desconfie de promessas, como alegações de ‘queima de gordura’, ‘cura’ ou efeitos terapêuticos. Essas afirmações não são permitidas para suplementos, salvo quando expressamente autorizadas pela regulação”, alerta a especialista.
Juliana também aponta outras medidas que são simples, mas essenciais para não cair em , como checar o rótulo completo do produto, pesquisar sobre a reputação da marca antes de comprar, adquirir suplementos em canais confiáveis e desconfiar de preços muito abaixo dos praticados.
“É importante que o consumidor saiba que toda a informação de benefício de suplemento alimentar tem que ser aprovada pela Anvisa. E, para que isso seja aprovado, é necessário que sejam apresentados à agência estudos clínicos que possibilitem avaliação”, ressalta a mandatária do IPSConsumo.
Prazo estendido para adequação das marcas
Em agosto, a Anvisa anunciou a extensão até 1º de setembro de 2026 para que empresas de suplementos e vitaminas coloquem em prática as normas impostas pela entidade em 2018. O prazo anterior se esgotava ainda neste ano. A medida vai de encontro à quantidade de irregularidades identificadas no setor.
Suplementos alimentares só devem ser utilizados quando houver necessidade
De acordo com a vice-presidente executiva do Grupo FarmaBrasil, Adriana Diaféria, o setor farmacêutico reconhece que a agência cumpre um papel importante na regulamentação dos suplementos, mas vê com temor a decisão. A entidade representa as principais empresas da indústria farmacêutica brasileira.
“Há preocupação a respeito da circulação de produtos que ainda não cumprem integralmente os requisitos sanitários estabelecidos desde 2018. Vale destacar que essas exigências não são difíceis de serem cumpridas e poderiam ter sido providenciadas nos últimos sete anos com tranquilidade por todas as empresas do mercado”, afirma Adriana.
Riscos de consumir suplementos com irregularidades
O consumo de suplementos alimentares irregulares representa um importante risco para a saúde. Substâncias tóxicas, adulteradas ou doses acima do limite seguro podem provocar , incluindo sobrecarga hepática, problemas no coração e distúrbios gastrointestinais.
“Suplementos irregulares também podem mascarar substâncias proibidas, como esteroides anabólicos androgênicos, medicamentos alopáticos para inibição do apetite ou estimulantes”, alerta o nutricionista Caio Victor Coutinho, membro do Conselho Federal de Nutrição (CFN).
Produtos adulterados também podem ter quantidades abaixo das informadas no rótulo, prejudicando o objetivo buscado pelo consumidor. “Se uma pessoa deficiente de vitamina A basear sua suplementação de acordo com o declarado no rótulo do produto e ele não tiver a dosagem informada, pode levar ao indivíduo manter aquela condição de deficiência nutricional”, exemplifica a nutricionista Georgia Castro, diretora do instituto de pesquisas Viva Nutrição, em São Paulo.
Em caso de sintomas adversos, procure ajuda médica imediatamente. Indícios de irregularidades devem ser denunciados ao Procon. Caso comprovado, fornecedores e fabricantes podem responder por danos através do Código de Defesa do Consumidor.
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Por: Metrópoles