O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou nesta 6ª feira (15.ago.2025) que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), fez um “ataque infundado” contra o Brasil, desta vez direcionado ao programa Mais Médicos. A declaração vem depois de o governo norte-americano revogar vistos de profissionais ligados ao programa.
Em publicação nas redes sociais, o ministro questionou se a sanção, justificada por suposta contratação de médicos cubanos, seria “desinformação ou provocação premeditada”, já que o programa não mantém vínculos com Cuba desde 2018.
“Hoje, a realidade é diferente. A última seleção do Mais Médicos foi composta por mais de 90% de profissionais com CRM no Brasil. Ou seja: o discurso norte-americano, além de falso, é mal-intencionado”, escreveu o ministro no X.
Rui Costa também declarou que, se os EUA escolheram um presidente que “não gosta do Brasil e prefere minar as relações” entre os 2 países, a resposta não será “adular”, mas “acelerar a integração com outros parceiros estratégicos no cenário internacional”.
A participação de trabalhadores cubanos no Mais Médicos foi uma das justificativas usadas pelos Estados Unidos para revogar, na 4ª feira (13.ago.2025), os vistos de funcionários e ex-funcionários do governo brasileiro, além de ex-funcionários da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) e familiares. Eis a íntegra do comunicado (PDF – 247 kB).
Segundo o Departamento de Estado, “funcionários foram responsáveis ou envolvidos na cumplicidade do esquema coercitivo de exportação de mão de obra do regime cubano, que explora trabalhadores médicos por meio de trabalho forçado”. O comunicado afirma que o “esquema” teria enriquecido o “corrupto regime cubano” e privado a população de Cuba de cuidados médicos essenciais.
O texto cita Mozart Julio Tabosa Sales, atual secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, e Alberto Kleiman, ex-Assessor de Relações Internacionais do Ministério da Saúde, ex-diretor de Relações Externas da Opas e atual coordenador-geral da OTCA (Organização do Tratado de Cooperação Amazônica) para a COP30.
“Como parte do programa Mais Médicos, essas autoridades usaram a Opas como intermediária com a ditadura cubana para implementar o programa sem seguir os requisitos constitucionais brasileiros, driblando as sanções dos EUA a Cuba e, conscientemente, pagando ao regime cubano o que era devido aos profissionais de saúde cubanos”, diz o comunicado.
Ainda de acordo com o texto, “médicos cubanos que atuaram no programa relataram ter sido explorados pelo regime cubano como parte do programa”.