• Sábado, 13 de setembro de 2025

Cotação do ouro dobra em 3 anos com tensões globais

Valor se aproximou de US$ 3.700 na 6ª feira (12.set) e atingiu a máxima nominal histórica; a alta em 2025 foi de 39%.

O ouro atingiu quase US$ 3.700 na última semana e atingiu o pico histórico em um momento de tensões geopolíticas globais. Nos últimos 3 anos, a cotação do metal mais que dobrou.

Por ser um ativo físico e universalmente aceito, o ouro foi amplamente usado na história como forma de proteção em períodos de incerteza política e econômica, sobretudo em épocas de guerras, crises cambiais e colapsos financeiros.

A cotação do dólar subiu 120% nos últimos 3 anos, ao considerar a última cotação de setembro de 2022. Em 2025, a alta foi de 39%.

O encarecimento do ouro está relacionado à compra pelos bancos centrais diante das incertezas globais. Funciona como uma reserva de valor quando moedas perdem força ou governos enfrentam dificuldades para honrar dívidas. Também serve como proteção contra a inflação. Os bancos centrais, fundos de investimento e investidores individuais usam o metal para diversificar suas carteiras.

O Poder360 já mostrou que, nos últimos anos, com a expansão de gastos pós-covid e os juros elevados, o endividamento dos EUA disparou. No 2º trimestre de 2025, a dívida atingiu US$ 36,211 trilhões, o que corresponde a 119,3% do PIB (Produto Interno Bruto) do país, segundo dados do Department of the Treasury e do Federal Reserve Bank of St. Louis.

Em geral, quando há incerteza econômica ou queda do dólar, o ouro tende a se valorizar. A cotação passou de US$ 3.000 pela 1ª vez na história em março e de US$ 3.500 em abril. Segue em trajetória de alta.

O economista-chefe do C6 Bank, Felipe Salles, declarou que um dos principais fatores para a alta nos últimos anos é a maior compra feita pelos bancos centrais.

Ou seja, houve uma demanda maior para a composição de reservas internacionais. A procura subiu em detrimento da busca pelos títulos do Tesouro norte-americano, os chamados treasuries.

Para Salles, são 3 os principais motivos:

As tarifas comerciais implementadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), contra os países têm impacto no cenário geopolítico incerto.

“Os EUA se tornaram um pouco menos previsíveis, as políticas, em geral. Significa que, na margem, pode ocorrer uma busca maior pelo ouro”, disse o economista-chefe do C6 Bank.

Salles também afirmou que a combinação geopolítica-econômica torna o ouro um ativo mais seguro para os países. “Alguns países, como França, Reino Unido e Estados Unidos, estão em situação fiscal bastante delicada. E esses países vão ter que aumentar ainda mais os gastos com defesa, os países da Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte], declarou.

Para economistas, as nações querem ter uma menor dependência do dólar. A maior demanda por ouro começou em 2022, depois dos ataques da Rússia à Ucrânia. A estrategista-chefe da Nomad, Paula Zogbi, disse que há um processo de proteção aos “mandos e desmandos” de um país.

Para ela, também houve um “gatilho recente” para a valorização do ouro, que foi o enfraquecimento do dólar em relação a outras moedas e a expectativa de corte dos juros pelo Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA).

A especialista declarou que a taxa menor remunera menos os ativos em treasuries. “Paralelamente a isso, há uma maior incerteza em relação à atividade econômica dos Estados Unidos. A expectativa é de uma desaceleração, o que torna o dólar menos atraente e dá mais espaço ao ouro”, disse Zogbi.

O Poder360 mostrou que o dólar enfraqueceu no mundo e investidores diminuíram a exposição de seus ativos à economia norte-americana.

O pacote fiscal de Trump aprovado no país reduz a arrecadação com impostos e piora a trajetória da dívida. A ampliação de gastos também tem efeitos na trajetória do endividamento.

A política fiscal fragilizada impacta os investimentos de longo prazo em títulos norte-americanos. A estrategista-chefe da Nomad disse que o mercado de ações norte-americano “gosta que o governo gaste mais”, e que tem mantido o bom desempenho da Bolsa de Valores de Nova York. Afirmou, porém, que o investimento nos títulos do Tesouro dos EUA é impactado com as políticas fiscais, principalmente no longo prazo.

Segundo ela, o reflexo disso é a redução da nota de crédito dos EUA por agências de risco. “Já se fala em ter mais um rebaixamento. O enfraquecimento do dólar acaba piorando ainda mais essa situação. Os juros caindo, por outro lado, melhoram”, disse.

O economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, afirmou que, apesar do movimento recente de busca pelo ouro, o dólar continuará sendo a moeda reserva do planeta durante “muitas décadas” ou até um século.

“Não tem nenhuma moeda alternativa ao dólar. O yuan é inconversível. O euro até seria um candidato, mas a economia da Europa está estagnada e vários problemas. O Japão, com o iene, também é uma economia muito menor, incomparável. No final do dia, o dólar ganha por WO”, disse.

Gala declarou que o ouro é usado como reserva alternativa pelos bancos centrais, principalmente dos países asiáticos. Já os investidores migram para os criptoativos, como o bitcoin.

Por: Poder360

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