• Sexta-feira, 31 de outubro de 2025

COP30: Fundo Verde bate recorde de projetos em países vulneráveis

De acordo com a direção do GCF, o resultado se deve, em particular, às reformas destinadas a reduzir a burocracia

O Fundo Verde para o Clima (GCF, na sigla em inglês) da Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou um ano recorde em aprovações de projetos em . De acordo com a direção do GCF, o resultado se deve, em particular, às . Com sede em Songdo, na Coreia do Sul, e em operação desde 2015, o GCF é o maior fundo multilateral do mundo dedicado à ação climática. Desde sua criação, arrecadou US$ 19,3 bilhões (R$ 104 bilhões) e pretende atingir US$ 50 bilhões (R$ 269 bilhões) até 2030. O GCF foi criado para canalizar recursos de países ricos – historicamente os maiores responsáveis pelas mudanças climáticas – para nações em desenvolvimento, com o objetivo de ajudá-las a se adaptar ao aquecimento global e reduzir suas emissões. Leia também Neste ano, o fundo anunciou ter arrecadado US$ 3,26 bilhões (R$ 17,53 bilhões), um valor recorde e um aumento significativo em relação aos US$ 2,9 bilhões (R$ 15,6 bilhões) arrecadados em 2021, seu segundo melhor ano. Esse montante inclui US$ 295 milhões (R$ 1,1 bilhão) destinados a um projeto de dessalinização e transporte de água na Jordânia, descrito como “vital” pelo país do Oriente Médio, que enfrenta uma grave crise hídrica. Trata-se da maior doação individual já concedida pelo GCF. “No atual contexto geopolítico, um compromisso tão significativo do maior fundo multilateral para o clima é um sinal positivo em meio a muitos outros menos positivos”, afirmou Mafalda Duarte, diretora do fundo, em entrevista à AFP antes da COP30, que será realizada de 10 a 21 de novembro, em Belém, no Pará. O contexto mencionado pela diretora inclui, em especial, a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas, bem como a situação na Europa, onde alguns países reduziram a ajuda financeira a nações estrangeiras devido a preocupações econômicas. Segundo Duarte, o recorde de aprovações se deve às reformas administrativas implementadas desde que assumiu a direção do GCF, em 2023. “Cheguei com uma agenda de reformas para tornar o GCF, uma referência, um exemplo do que ele poderia ser: uma instituição eficiente e ágil, muito mais alinhada à velocidade e à escala dos investimentos necessários”, afirmou. Um exemplo dessas reformas é a redução do período de revisão de projetos de dois anos para nove meses e o encurtamento do processo de credenciamento de instituições parceiras, como agências nacionais e bancos, de três anos para nove meses. Empréstimos com juros baixos Mafalda Duarte também defende o uso de empréstimos em vez de doações em projetos com fins lucrativos. Segundo ela, empréstimos com juros baixos otimizam os recursos dos doadores, beneficiando os países em desenvolvimento. Por exemplo, o financiamento do projeto na Jordânia, assim como grande parte do trabalho do GCF, combina empréstimos e doações, uma questão delicada no campo do financiamento climático. Países em desenvolvimento e organizações internacionais sem fins lucrativos há muito criticam o uso de empréstimos, argumentando que eles aumentam o endividamento e forçam as nações de baixa renda a pagar mais do que podem arcar. Mas, para Duarte, embora as doações sejam apropriadas para os países mais vulneráveis, elas nem sempre podem ser justificadas, especialmente quando se trata de ajudar parceiros do setor privado a obter lucro. Quando concede empréstimos, o Fundo Verde para o Clima oferece condições “concessionais”, ou seja, taxas de juros muito baixas, bem mais vantajosas do que as que países de renda média e baixa classificação de investimento poderiam obter no mercado comercial. As doações, que representam cerca de 45% do financiamento do fundo, não são suficientes para atingir as metas do Acordo de Paris, que busca limitar o aquecimento global a 1,5 °C em relação ao período pré-industrial. Para Mafalda Duarte, a COP30 será bem-sucedida se conseguir focar na “responsabilidade” de compromissos novos e concretos, e não apenas em promessas simbólicas. Queda do desmatamento na Amazônia Outra notícia positiva divulgada pouco antes da COP30, pelo governo brasileiro nesta quinta-feira (30), é a queda do desmatamento na Amazônia brasileira, que recuou 11% em relação ao ano anterior. Um total de 5.796 km² foi desmatado na maior floresta tropical do mundo entre agosto de 2024 e julho de 2025, sendo o menor índice em 11 anos. Esses dados foram coletados por satélites do sistema Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Essa é a quarta queda consecutiva registrada, representando a taxa oficial de desmatamento no Brasil. No período anterior, de agosto de 2023 a julho de 2024, o índice havia sido de 6.518 km², uma redução de 30% em comparação com os doze meses anteriores. O número divulgado nesta quinta-feira é também o terceiro menor desde o início dos registros, em 1988.
Por: Metrópoles

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