• Sábado, 11 de outubro de 2025

China investiga Qualcomm por acordo de chips com Israel

Se a empresa for considerada culpada de infringir lei antimonopólio, penalidade pode chegar a US$ 1,8 bilhão.

O principal regulador de mercado da China iniciou uma investigação antitruste contra a gigante americana de semicondutores Qualcomm por sua aquisição da Autotalks, fabricante israelense de chips automotivos. A suspeita é de que o negócio não foi devidamente declarado.

A SAMR (Administração Estatal de Regulação do Mercado) informou na 6ª feira (10.out.2025) que a Qualcomm pode ter violado a Lei Antimonopólio da China ao não reportar a transação de acordo com as regras que exigem uma revisão de fusões significativas, conhecida como “concentração de empresas”.

A Qualcomm ainda não se pronunciou. O anúncio fez as ações da empresa caírem 2,9% no pré-mercado daquele dia.

Esta investigação se soma aos antigos problemas regulatórios da Qualcomm na China. Em 2015, a empresa foi multada em 6,1 bilhões de yuans (US$ 856 milhões) por práticas anticompetitivas de licenciamento. 

Já em 2018, uma oferta de US$ 44 bilhões pela NXP Semiconductors NV fracassou depois que os reguladores chineses se recusaram a aprovar o negócio.

A investigação mais recente ressalta o escrutínio cada vez mais rigoroso de Pequim sobre acordos globais de tecnologia, particularmente nos setores estratégicos de semicondutores e automotivo, em contexto de acirrada rivalidade tecnológica com os EUA.

O caso representa um risco financeiro significativo para a Qualcomm, já que uma emenda de 2022 à lei antitruste permite penalidades de até 10% das vendas do ano anterior de uma empresa na China, seu maior mercado em termos de receita. 

A Qualcomm gerou US$ 17,8 bilhões na China no ano fiscal de 2024 –46% de sua receita total– o que significa que uma possível penalidade pode chegar a US$ 1,8 bilhão.

A Qualcomm anunciou a compra da Autotalks, que desenvolve chips de comunicação V2X (veículo para tudo), em maio de 2023 e concluiu a aquisição em junho. O preço do negócio não foi divulgado. A Qualcomm afirmou que a medida aprimoraria suas ofertas de V2X para o setor automotivo.

“A lei chinesa normalmente exige autorização para fusões se a empresa-alvo gerou pelo menos 800 milhões de yuans em receita na China durante o ano anterior”, disse You Yunting, sócio sênior do DeBund Law Offices em Xangai. 

As autoridades também podem exigir um registro se houver evidências de que um acordo pode reduzir ou eliminar a concorrência, disse ele.

A investida da Qualcomm em chips automotivos se dá enquanto a gigante busca diversificar sua atuação para além dos smartphones. A empresa domina o mercado de processadores para cockpits inteligentes com sua linha Snapdragon e expandiu para o setor de direção autônoma por meio da aquisição da empresa sueca Veoneer por US$ 4,6 bilhões em 2021, competindo com a Mobileye, da Intel, e a Nvidia.

O mercado de chips V2X –avaliado em US$ 2,6 bilhões em 2022– deve atingir US$ 87,3 bilhões até 2032, de acordo com a Prophecy Market Insights. Os principais players incluem Qualcomm, NXP, Infineon Technologies AG, STMicroelectronics NV e Autotalks.

A Qualcomm não está sozinha no escrutínio chinês. Outras empresas americanas, incluindo Google, DuPont de Nemours e Nvidia, também estão sob análise antitruste. Em 15 de setembro, a SAMR concluiu que a Nvidia violou as regras antitruste e anunciou uma investigação mais aprofundada.

Esta reportagem foi originalmente publicada em inglês pela Caixin Global em 11 de outubro de 2025. Foi traduzida e republicada pelo Poder360 sob acordo mútuo de compartilhamento de conteúdo.

Por: Poder360

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