O desarmamento é uma das questões que gera mais obstáculos e resistência, por parte do Hamas, ao plano de paz para Gaza, proposto por Donald Trump. Entregar as armas está fora de questão e essa decisão é "inegociável".
O presidente norte-americano incluiu o desarmamento do grupo como uma das condições para encerrar a guerra que dura dois anos no enclave, mas os islamitas palestinianos têm vindo a alertar que nunca aceitarão desarmar-se, invocando o direito dos palestinianos a defender-se.
Este sábado, sob anonimato, um alto funcionário do Hamas voltou a repetir à Agência France Press que "a proposta de entrega de armas está fora de questão e não é negociável".
A pressão do Hamas já teve resposta israelense.
Effie Defrin, porta-voz das Forças de Defesa de Israel, garantiu sexta-feira que o exército israelense, que está recuando em cumprimento do acordo, está "bem preparado para regressar ao combate" e combater o Hamas se o grupo militante mantiver o controle de Gaza após o fim da guerra.
Caso seja o único a desarmar, o grupo islamita palestino poderá ficar vulnerável, não só a ataques de Israel, como a eventuais represálias de outros grupos do enclave que até agora têm conseguido dominar pela força.
No dia 3 de outubro, em Khan Younis, combatentes do Hamas envolveram-se em combates com clã al-Mujaida, uma das maiores famílias do sul da Faixa de Gaza. O ataque dos militantes foi repelido com ajuda de tropas israelense.
A eclosão de um autêntico caos armado na Faixa de Gaza é um dos maiores receios dos analistas.
Para tentar evitar esse cenário, o plano de paz apresentado por Trump, que teve o apoio dos países árabes e muçulmanos da região, prevê que a Faixa de Gaza seja administrada por um governo de transição até que a Autoridade Palestiniana conclua o seu "programa de reformas" e "possa retomar o controlo de Gaza de forma segura e eficaz".
O Hamas, a Jihad Islâmica e a Frente Popular para a Libertação da Palestina rejeitaram, numa declaração conjunta publicada esta sexta-feira, qualquer "tutela estrangeira" sobre Gaza, sublinhando que a sua governação é uma questão puramente interna da Palestina.
Expressaram também a sua disponibilidade para beneficiar da participação árabe e internacional na reconstrução do enclave.
O cessar-fogo acordado por Israel e pelo Hamas entrou em vigor esta sexta-feira. Desde então, mais de 500.000 pessoas regressaram ao norte do enclave, em busca das suas casas, referiu este sábado a Defesa Civil do enclave. maioria encontrou apenas escombros.
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