Cateto, queixada e javali: entenda as diferenças entre essas espécies
À primeira vista, catetos, queixadas e javalis podem parecer semelhantes, mas suas diferenças vão muito além da aparência
À primeira vista, catetos, queixadas e javalis podem parecer semelhantes, mas suas diferenças vão muito além da aparência. Enquanto os dois primeiros são espécies nativas e desempenham um papel essencial na manutenção dos ecossistemas brasileiros, o javali é uma espécie invasora que ameaça a fauna e a flora do país. Sua rápida proliferação e hábitos destrutivos levaram à regulamentação da caça como forma de controle populacional.
Mas você saberia identificá-los apenas por uma foto? Para esclarecer essa questão, o Terra da Gente conversou com duas especialistas: Andressa Gatti, pesquisadora do Instituto Nacional da Mata Atlântica e diretora do Instituto Pró-Tapir, e Alexine Keuroghlian, coordenadora do Projeto Queixada. Elas explicam as principais características de cada espécie e por que é tão importante proteger os animais nativos.
Queixada
Foto: DivulgaçãoEmbora muitos o chamem de porco-do-mato, o queixada ( Tayassu pecari) não pertence à família dos suínos. Esse mamífero integra o grupo dos pecarídeos, da família Tayassuidae, e habita diferentes regiões das Américas, sendo mais comum em florestas tropicais e úmidas.
Com pelagem predominantemente escura e uma distinta marca branca no queixo, os queixadas podem alcançar até 30 quilos. Vivem em grandes bandos, que podem ultrapassar 300 indivíduos, o que os torna uma das espécies sociais mais impressionantes de seu habitat. No Brasil, estão distribuídos por diversas regiões, mas dependem de extensas áreas naturais para sobreviver – estimativas indicam que um grupo precisa de até sete mil hectares com vegetação preservada e acesso a fontes de água. Entretanto, essa espécie enfrenta graves ameaças. A destruição do habitat, impulsionada pelo desmatamento e queimadas, além da caça ilegal para comércio de carne, colocou o queixada em risco. Na Mata Atlântica, a situação é crítica, e a espécie já é classificada como “ Criticamente em Perigo“. No Cerrado, está em “ Perigo“, enquanto, de modo geral, no Brasil, figura na categoria “ Vulnerável“, conforme a União Internacional para a Conservação da Natureza ( IUCN) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade ( ICMBio).
Os queixadas possuem uma dieta variada, consumindo frutas, vegetais e, ocasionalmente, invertebrados, fungos e pequenos peixes. Seu papel ecológico é fundamental, pois atuam na dispersão de sementes, ajudando na regeneração das florestas. São animais de hábitos diurnos e o período de gestação dura cerca de oito meses. Cada fêmea pode dar à luz um ou dois filhotes, que permanecem ao seu lado até completarem um ano. Durante essa fase, apresentam uma coloração mais clara, com tons avermelhados, marrons e creme, além de uma faixa escura nas costas. A conservação dos queixadas é essencial para o equilíbrio dos ecossistemas onde vivem. Proteger seus habitats e combater a caça ilegal são desafios urgentes para garantir a sobrevivência dessa espécie tão importante para a biodiversidade brasileira.
Cateto
Foto: DivulgaçãoO cateto ( Pecari tajacu) é um mamífero nativo das Américas que, apesar de ser popularmente conhecido como porco-do-mato, não pertence à família dos suínos. Assim como o queixada, seu parente próximo, esse animal integra o grupo dos pecarídeos e desempenha um papel fundamental na manutenção dos ecossistemas. O nome científico da espécie carrega a palavra Pecari, de origem indígena, uma referência ao seu hábito de se deslocar em grupos pelas matas.
Embora compartilhe muitas semelhanças com o queixada, o cateto se diferencia por viver em bandos menores, geralmente compostos por sete a doze indivíduos. Com cerca de 18 quilos, adapta-se a territórios menores, necessitando de aproximadamente 300 hectares para sobreviver. Sua pelagem é acinzentada e exibe uma faixa branca ao redor do pescoço, formando uma espécie de colar característico.
O comportamento do cateto também apresenta particularidades. Ele é mais ativo durante os períodos mais frescos do dia e possui um repertório variado de vocalizações, utilizando diferentes sons para comunicação entre os membros do grupo. Uma de suas táticas de defesa mais peculiares é o rápido entrechocar dos dentes, emitindo um ruído que pode assustar predadores. Ecologicamente, a espécie desempenha um papel essencial como dispersora de sementes, ajudando na regeneração das florestas. No entanto, enfrenta ameaças como a caça ilegal para comercialização de carne e a destruição de seu habitat natural. Apesar disso, seu status de conservação ainda é considerado “ Pouco Preocupante“, de acordo com órgãos ambientais.
Para garantir a preservação dos catetos e dos queixadas, espécies nativas do Brasil, é fundamental fortalecer o combate ao desmatamento e intensificar a fiscalização contra a caça ilegal. A proteção desses animais é essencial para o equilíbrio da biodiversidade e a manutenção dos ecossistemas em que vivem.
Javalis
Foto: DivulgaçãoOs javalis ( Sus scrofa scrofa) pertencem à família Suidae e são nativos de regiões da Europa, norte da África e Ásia. Introduzidos no Brasil há mais de um século, esses animais foram inicialmente trazidos para fins alimentícios. No entanto, muitos fugiram dos confinamentos e se cruzaram com porcos domésticos, dando origem ao javaporco ( Sus scrofa), uma espécie híbrida que se adaptou rapidamente e se tornou mais robusta. Enquanto o javali pode pesar cerca de 80 quilos, o javaporco pode ultrapassar os 100 quilos e é capaz de se reproduzir várias vezes ao ano, o que agrava o risco de sua proliferação descontrolada.
Em algumas áreas do Estado de São Paulo, como no Parque Estadual do Vassununga, as invasões de javaporcos causaram grandes danos ao ecossistema local. O parque precisou ser fechado após esses animais invadirem a mata e provocarem desequilíbrios ambientais significativos. Embora o parque tenha sido reaberto, o impacto dessa invasão foi notável. A pesquisadora Alexine Keuroghlian também ressalta que, além do javali, existem outras variedades de porcos selvagens no Brasil, como o porco-monteiro. A habilidade dos javalis em se adaptar a diferentes ambientes, incluindo aqueles modificados pelo homem, e a falta de predadores naturais os colocam entre as 100 espécies exóticas invasoras mais problemáticas do mundo. No aspecto físico, os javalis e javaporcos se destacam pela sua grandeza em comparação com outros porcos nativos, como o queixada e o cateto. O javaporco, por exemplo, pode chegar a pesar até 200 quilos, enquanto os pecarídeos têm peso bem inferior. Além disso, os javalis possuem caudas longas, que variam de 6 a 8 centímetros, enquanto os pecarídeos têm caudas curtas, com cerca de 3 centímetros. As orelhas dos javalis também são mais longas e proeminentes.
Uma das principais diferenças entre os javalis e os pecarídeos são os caninos. Nos javalis, esses dentes crescem continuamente durante toda a vida e podem se estender até 12 centímetros, projetando-se para fora da boca em direção à cabeça. Os porcos selvagens são conhecidos por sua rápida reprodução, com fêmeas podendo ter entre 6 e 10 filhotes por gestação.
Esses animais vivem em grupos organizados, geralmente liderados por um macho dominante, e são onívoros, sem restrições alimentares significativas. Isso os torna capazes de causar estragos em lavouras e invadir áreas residenciais em busca de comida, atacando até pequenos mamíferos e aves. Além disso, destroem nascente e danificam sementes. A superpopulação de javalis também traz consigo o risco de disseminação de doenças. Embora ainda haja poucas pesquisas sobre o impacto dessas enfermidades, há relatos de porcos selvagens com tumores e doenças de pele, e não se sabe como isso afeta a fauna local.
Em 2013, a Instrução Normativa do Ibama nº 03/2013 classificou o javali-europeu como uma espécie exótica invasora, abrangendo todas as suas variantes, raças e cruzamentos com o porco doméstico, sendo submetido às mesmas regulamentações. Embora a caça de animais seja proibida no Brasil, o javali é a única exceção, com regras rigorosas para sua captura. Contudo, o aumento das populações e a criação clandestina de javalis indicam que a caça, por si só, não tem sido uma solução eficaz para o controle dessa espécie invasora.
Escrito por Compre RuralVEJA MAIS:
ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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Por: Redação
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