• Terça-feira, 4 de novembro de 2025

Brasil não cumprirá meta climática para 2025

País tem redução de 16,7% nos gases de efeito estufa em 2024, mas ainda ficará 9% acima do firmado no Acordo de Paris.

O Brasil não conseguirá atingir sua meta climática para 2025, mesmo com a redução nas emissões de gases de efeito estufa em 2024. As informações estão em relatório divulgado nesta 2ª feira (3.nov.2025) pelo OC (Observatório do Clima) com base nos dados do Seeg (Sistema de Estimativa de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa).

O OC informou que o país emitiu 2,14 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa no ano passado, uma queda de 16,7% em relação a 2023, a maior redução registrada em 16 anos.

As emissões líquidas, que consideram as remoções de carbono por florestas, foram de 1,48 GtCO2e (gigatoneladas de dióxido de carbono equivalente), redução de 22% em relação ao ano anterior. Mesmo assim, o Seeg projeta que o Brasil lançará 1,44 GtCO2e até o final de 2025. Está 9% acima da meta de 1,32 GtCO2e estabelecida pelo Acordo de Paris.

A queda nas emissões foi concentrada principalmente no setor de mudança do uso da terra e florestas, com redução de 32,5% nas emissões brutas, atingindo 906 milhões de toneladas. O desmatamento respondeu por 98% dessas emissões, equivalendo a 42% do total nacional.

A Amazônia registrou 5.796 km² desmatados, 3º menor valor histórico, e suas emissões caíram 33%. No Cerrado, a queda foi de 41%.

Os cientistas alertam que as emissões por queimadas, não contabilizadas oficialmente, somaram 241 MtCO2e (megatoneladas de dióxido de carbono equivalente) em 2024, quase igualando as emissões por desmatamento. Na Amazônia, 38% da devastação se deu por “degradação progressiva”, categoria que inclui queimadas, indicando impacto direto das mudanças climáticas sobre os biomas.

O Pampa foi o único bioma com aumento de emissões, 6% em 2024, enquanto o Pantanal caiu 66%. A agropecuária foi responsável por 626 MtCO2e.

O setor de energia manteve 424 MtCO2e, representando 20% das emissões brutas. Resíduos e indústrias aumentaram 3,6% e 2,8%, respectivamente.

Segundo Marcio Astrini, secretário-executivo do OC, a redução das emissões confere vantagem diplomática ao governo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na COP30, apesar do país não atingir a meta. “Nenhum país do G20 e nenhum dos 10 maiores emissores vai apresentar algo perto desse nível”, declarou.

Ainda assim, a queda concentrada no setor de uso da terra evidencia que os demais setores econômicos mantiveram estabilidade ou apresentaram crescimento nas emissões.

Por: Poder360

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