A Secretaria de Saúde da Bahia confirmou nesta 6ª feira (3.out.2025) a 1ª morte por contaminação por metanol. O óbito ocorreu durante a madrugada, na cidade de Feira de Santana. A vítima é um homem de 56 anos que deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento de Queimadinha.
“O caso será acompanhado pelas equipes de vigilância do Estado e do município, em articulação com a Secretaria da Segurança Pública do Estado, reforçando a integração das ações de monitoramento e investigação”, afirmou a Secretaria de Saúde da Bahia.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, confirmou na 5ª feira (2.out.2025) que 59 casos estão sob investigação por suspeita de intoxicação por metanol no país. De acordo com o ministério, já há 12 casos confirmados.
Além da morte na Bahia, há outra atestada em São Paulo. Outras 7 estão em análise, distribuídos da seguinte forma:
Antes da onda registrada em agosto e setembro de 2025, a média de casos ficava em torno de 20 por ano, segundo dados do Ministério da Saúde. As intoxicações resultam do consumo de bebidas alcoólicas adulteradas como gim, vodca e whisky.
O Ministério da Saúde informou que segue em articulação com secretarias estaduais e municipais para monitorar e adotar medidas de prevenção.
O metanol, também conhecido como álcool metílico (CH₃OH), é uma substância química altamente tóxica, volátil e inflamável. Trata-se de um álcool simples, incolor, de odor semelhante ao da bebida alcoólica comum. No passado, era chamado de “álcool da madeira” por ser obtido da destilação de toras. Hoje, é produzido em escala industrial, sobretudo a partir do gás natural.
O líquido é usado como matéria-prima para a produção de formaldeído, ácido acético, resinas, solventes e tintas. Também está presente em anticongelantes, limpa-vidros e removedores de tinta. No Brasil, uma das principais aplicações é na produção de biodiesel, por meio da transesterificação.
A ingestão de 4 ml a 10 ml de metanol pode causar danos irreversíveis, como a cegueira, segundo o CFQ (Conselho Federal de Química). O conselho alerta que pequenas doses já representam uma ameaça real à vida. Estima que 30 ml de metanol puro podem ser letais.
O perigo maior da ingestão de metanol aparece nos efeitos tardios, afirma o Conselho Federal de Química. O metanol é metabolizado no organismo em formaldeído e ácido fórmico, este último responsável por causar acidose metabólica —um grave desequilíbrio do pH sanguíneo. Os sintomas incluem:
De acordo com a Abno (Associação Brasileira de Neuro-oftalmologia), o diagnóstico deve ser feito a partir da história clínica do paciente e por exames de sangue e de imagem.
Em caso de suspeita de ingestão ou contato prolongado com metanol, não induza o vômito e encaminhe a pessoa com urgência para o hospital. Quanto mais cedo forem realizados o diagnóstico e o tratamento, menor é o risco de morte ou de sequelas graves.
O tratamento é feito com medicamentos intravenosos (fomepizol) que, assim como o etanol, podem inibir o metabolismo do metanol, evitando a formação do ácido fórmico, causador das sequelas mais graves. O paciente pode ser submetido à lavagem gástrica e hemodiálise.
Segundo o Conselho Federal de Química, o problema surge quando o metanol é usado de forma criminosa na adulteração de bebidas alcoólicas.
A ingestão, inalação ou contato prolongado com o metanol pode provocar sintomas imediatos, como náusea, tontura, vômito e depressão do sistema nervoso central.
Para evitar intoxicações, recomenda-se:
A fiscalização rigorosa de órgãos governamentais e as análises laboratoriais periódicas feitas por profissionais da química são essenciais para prevenir tragédias. Eles têm o papel de identificar contaminantes, assegurar a qualidade dos produtos e conscientizar a população sobre os riscos do consumo de bebidas adulteradas.