André Gelfi, presidente interino do IBJR (Instituto Brasileiro de Jogo Responsável), afirmou ao Poder360 que as casas de apostas digitais não conseguem manter um diálogo aberto com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“O fato é que temos um governo sedento por mais impostos, olhando para as bets como uma fonte alternativa, uma solução rápida para resolver essa questão”, disse o dirigente da associação de bets em entrevista na 4ª feira (22.out.2025).
Legalizadas no Brasil em dezembro de 2018, as bets só foram regulamentadas em janeiro de 2025. O critério estabelecido para quem quisesse ir para o mercado formal foi: pagar um valor inicial de R$ 30 milhões para a autorização de operação e 12% de imposto sobre a receita bruta de jogos (GGR), que é o quanto a casa recebe em apostas menos o quanto paga para os apostadores.
“Nos surpreende que o governo hoje esteja falando de alíquotas maiores sem ter conversado conosco depois que mudou de ideia”, afirmou Gelfi. “Porque aplicamos para uma licença com certas condições e hoje temos uma revisão sendo feita. Parece até que conversamos com outro governo”, completou o dirigente do instituto de bets.
Pressionado para fechar suas contas, o governo editou a MP do IOF, em busca de mais arrecadação. A medida provisória estabelecia um aumento do imposto para as casas de aposta de 12% para 18%. Havia também elevação da taxação para outras áreas da economia.
Houve resistência. A versão final do texto excluiu o aumento para as bets. Mesmo assim, a MP foi enterrada, saindo da pauta do Congresso em 8 de outubro. Ato contínuo, o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), apresentou um projeto de lei ainda mais duro, que aumenta o imposto das casas de apostas de 12% para 24%.
“Temos visto pouco em relação a ações efetivas para combate ao mercado clandestino no Brasil. Vemos muita sanha para aumentar imposto e pouco sendo feito para combater sites clandestinos”, disse o presidente interino do IBJR, que representa cerca de 70% da indústria regulada de apostas no Brasil.
“A tendência é muitas empresas morrerem, investimentos sendo revistos, consolidação do mercado e, o pior, impulso ao mercado clandestino. Medidas de aumento de impostos de forma isolada têm basicamente essa consequência”, afirmou o dirigente.