• Terça-feira, 16 de setembro de 2025

Alckmin lembra frase de Ulysses em ato por democracia

"Traidor da Constituição é traidor da pátria", disse vice-presidente durante evento em São Paulo.

Geraldo Alckmin (PSB) recorreu a Ulysses Guimarães ao discursar nesta 2ª feira (15.set.2025) em um ato pela democracia e pela soberania, convocado depois da condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de militares de alta patente por tentativa de golpe de Estado –uma decisão inédita no Brasil tomada 4 dias antes pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

“Traidor da Constituição é traidor da pátria”, disse o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao encerrar o evento no Tuca, teatro da zona oeste de São Paulo que reuniu políticos de diversos partidos e artistas.

Então deputado pelo PMDB, Ulysses Guimarães presidiu a Assembleia Constituinte de 1987 a 1988. Na promulgação do texto, em outubro de 1988, proferiu um discurso histórico, em que dizia ter “ódio e nojo” da ditadura militar (1964-1985). O trecho citado por Alckmin é este: “Traidor da Constituição é traidor da Pátria. Conhecemos o caminho maldito. Rasgar a Constituição, trancar as portas do Parlamento, garrotear a liberdade, mandar os patriotas para a cadeia, o exílio e o cemitério”.

O evento no Tuca nesta 2ª feira (15.set.2025) foi suprapartidário. Antigos adversários, tucanos e petistas dividiram o mesmo palco. O ministro do STF Gilmar Mendes chegou a visitar o teatro, mas não discursou. Uma entrevista feita por alunos da PUC-SP nos bastidores foi colocada no telão.

Ao discursar, Alckmin relembrou das mortes acima da média mundial por covid-19 durante o governo Bolsonaro, fez comparações econômicas e lembrou da aceleração do desmatamento da Amazônia. O vice também exaltou programas do governo Lula. Por fim, exaltou quem preza pela democracia. “Um pouco mais à direita, um pouco mais à esquerda. O que diferencia os homens e as mulheres públicas é quem tem apreço pela democracia. Ele [Bolsonaro] não tinha.”

No mesmo evento, o ex-ministro José Dirceu (PT) afirmou que, com as condenações de Bolsonaro e de militares de alta patente por tentativa de golpe de Estado, a prioridade de quem defende a democracia, agora, é “mudar o Congresso Nacional em 2026”.

O ex-ministro deu a declaração ao participar do evento de celebração do resultado do julgamento histórico que impôs uma pena de 27 anos de prisão ao ex-presidente. “Vencemos na Constituinte [1987-1988] e derrotamos agora os golpistas no Supremo Tribunal Federal”, afirmou ao discursar no teatro Tuca, na zona oeste de São Paulo.

Ex-ministro do 1º mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Dirceu deixou o governo depois da eclosão do mensalão em 2005. No mesmo ano, teve o mandato de deputado federal cassado. O petista, que já comandou o partido, não tem mais restrições legais para se candidatar. Ele deve se lançar à Câmara pelo PT de São Paulo em 2026.

No mesmo evento, Edinho Silva, atual presidente do PT, afirmou que Donald Trump (Partido Republicano) “é o maior líder fascista do século 21”. Segundo o dirigente partidário, quem defende a democracia não pode “temer” a comparação do atual momento com aquele que antecedeu a 2ª Guerra Mundial, nos anos 1930.

“O Estado democrático de direito obteve uma vitória [a condenação de Bolsonaro]. Isso é inquestionável. Mas não significa que nós tenhamos vencido nosso principal inimigo”, disse Edinho Silva, para quem o “principal inimigo” é o fascismo. 

“Não podemos ter receio na caracterização. O fascismo está em ascensão no mundo. E o fascismo está em ascensão no Brasil”, afirmou o presidente do PT. “E Trump é o maior líder fascista do século 21″, completou, referindo-se ao presidente dos Estados Unidos.

O “12º Ato Direitos Já! Fórum pela Democracia”, conta com a presença de líderes políticos, artistas, religiosos e jornalistas no teatro Tuca, na zona oeste de São Paulo. O evento tem como mote a “Defesa da Democracia e da Soberania Nacional”. Faz referência às ameaças, tarifas e sanções de Trump contra o Brasil por julgar e condenar Bolsonaro, aliado do norte-americano.

O evento é realizado pela 2ª vez no teatro da PUC. Na 1ª edição, em 2019, o ato deu início ao movimento de “frente ampla” que uniu diversos partidos e campos políticos contra o recém-empossado governo de Jair Bolsonaro. Estiveram presentes Fernando Henrique Cardoso, Geraldo Alckmin, Simone Tebet, Marina Silva, Guilherme Boulos, com mais de 16 partidos e outras 300 organizações sociais.

Esta reportagem foi produzida pelo estagiário de Jornalismo Diogo Campiteli sob supervisão do secretário de Redação assistente Conrado Corsalette. 

Por: Poder360

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