O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), disse em reunião com empresários da indústria nesta 3ª feira (15.jul.2025) que eles procurem e envolvam “parceiros” norte-americanos nas negociações das tarifas comerciais. Afirmou que o tarifaço tem potencial de elevar a inflação dos Estados Unidos.
“[Defendo] Nós conversarmos com os parceiros americanos do setor industrial para eles também se envolverem nesse trabalho, mostrando que isso não só encarece, prejudica a economia brasileira, mas também encarece os produtos americanos, ainda mais com a questão da exiguidade do tempo”, disse. “[É] Importante a participação de cada um de vocês nas suas ‘áreas específicas’ para a gente fazer um trabalho em conjunto”.
Alckmin disse que o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está “empenhado em resolver essa questão”. Afirmou que ouvirá propostas dos setores. Segundo apurou o Poder360, o vice-presidente ouviu de empresários que o governo federal precisaria lidar com a situação de forma cautelosa e com diplomacia para que faça o melhor proveito da situação.
“[As tarifa] São absolutamente inadequadas. Os Estados Unidos têm deficit na balança comercial com boa parte do mundo, mas têm superavit na balança comercial com o Brasil, tanto no setor de serviços quanto de bens”, disse Alckmin. Ele defendeu que a medida do presidente norte-americano, Donald Trump (Partido Republicano), encarece os produtos nos EUA.
O vice-presidente voltou a dizer que, dentre os 10 produtos mais exportados pelos EUA ao Brasil, 8 são “ex tarifário”, com incentivo fiscal, ou tarifa zero. “A tarifa média é de 2,7%”, disse.
Alckmin declarou que o Brasil tem uma importante “complementariedade” econômica com as empresas norte-americanas. E citou o mercado de aço: “Somos o 3º comprador do carvão siderúrgico americano. Fazemos o aço semi-plano. Vendemos para os EUA e eles fazem o produto acabado, o motor, o automóvel”.
Segundo Alckmin, o presidente Lula solicitou que o governo federal ouvisse o setor privado para tratar das tarifas de 50% dos Estados Unidos contra a exportação dos produtos brasileiros.
As reuniões serão feitas em duas etapas: no bloco da manhã, às 11h, a participação será do setor industrial. O agronegócio conversará com os ministros às 14h.
Alckmin defendeu a separação dos poderes e o “espírito das leis”. Declarou que o governo federal não tem ação sobre outro poder. Na carta com o anúncio das medidas, Trump declarou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sofre perseguição no país.
Leia os ministros que participaram da reunião:
Eis a íntegra da lista de presentes da reunião (PDF – 89 kB). Entre os convidados, estavam:
O objetivo é ouvir as impressões de quem potencialmente serão os mais afetados pelo tarifaço promovido pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que deve entrar em vigor em 1º de agosto.
Segundo apurou o Poder360, Lula reforçou aos ministros a necessidade de diálogo com os empresários e de tentar uma saída negociada com os norte-americanos.
A nova política tarifária dos EUA atinge diretamente a indústria brasileira. A Casa Branca argumenta que as tarifas buscam proteger a produção interna norte-americana em setores considerados estratégicos.
O governo brasileiro considera a medida inadequada e estuda retaliações com base na Lei de Reciprocidade Econômica.