O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta 6ª feira (6.jun.2025) que o agronegócio se tornou o principal negócio do Brasil.
A declaração foi dada na cerimônia simbólica de certificação do Brasil como país livre de febre aftosa sem vacinação pela OMSA (Organização Mundial de Saúde Animal), realizada em Paris.
“Hoje é o reconhecimento de um país que tem no agronegócio, que tem na pecuária, uma das suas mais importantes vertentes econômicas. Já não é quebra-galho trabalhar com o agronegócio. Virou o principal negócio do Brasil”, afirmou o presidente.
Apesar de a entrega a Lula ter sido nesta 6ª feira (6.jun.2025), a declaração oficial foi em 29 de maio, durante a 92ª Assembleia Geral da entidade, realizada em Paris, na França. O governo não enviou representantes do 1º ou do 2º escalão. A principal autoridade presente foi a senadora Tereza Cristina (PP-MS), ex-ministra da Agricultura e Pecuária do governo de Jair Bolsonaro (PL).
A certificação representa o fim de um processo iniciado em 1998, quando os primeiros Estados brasileiros foram reconhecidos como livres da doença com vacinação. Agora, todo o território nacional é considerado livre mesmo sem a aplicação de vacinas.
Lula pregou que o Brasil passe a auxiliar países vizinhos a combaterem a doença como forma de impedir que as fronteiras tragam a doença novamente ao país.
“Nós temos fronteira com muitos países. O nosso problema não é só cuidar de nós. Temos que cuidar de nós e ajudar os nossos vizinhos a cuidar deles, porque, se a gente estiver bem e eles tiverem focos da doença, corremos o risco de perder”, disse o presidente.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse que a erradicação da febre aftosa no Brasil reforça a posição do país no mercado global de carnes e pode abrir novos mercados.
“O Brasil já exporta para mais de 160 países. Agora, com esse certificado, podemos acessar os mercados mais exigentes. O Japão, por exemplo, já iniciou o processo de verificação para permitir nossas exportações. O Brasil entra hoje no rol dos melhores países do mundo em sanidade animal”, afirmou o ministro.
Fávaro também defendeu a proposta de regionalização sanitária para que eventuais surtos localizados não afetem todo o território brasileiro e sugeriu que o Brasil sedie uma conferência global sobre sanidade animal em 2026.
A diretora-geral da OMSA, Emanuelle Soubeyran, disse que o reconhecimento serve a esse propósito.
“Hoje, todo o território do Brasil é oficialmente reconhecido como livre de febre aftosa sem vacinação. Esse feito reforça a confiança dos parceiros comerciais e será uma referência para outros países”, declarou Soubeyran.
A dirigente também destacou a importância de manter o investimento em saúde animal e de avançar no debate sobre regionalização. “Essa conquista não é apenas do Brasil, é uma vitória para a comunidade global”, concluiu.
O reconhecimento marca o fim de um processo de décadas de combate à doença que afetava o rebanho bovino brasileiro e prejudicava a abertura de novos mercados.
O certificado foi entregue ao diretor do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura, Marcelo Mota.
Tereza Cristina, à época, pregou a manutenção do modelo de gestão interno que levou à erradicação da doença. “Daqui para frente, é trabalhar mais duro ainda pela manutenção desse status. E o Brasil, eu tenho certeza, continuará no rumo da produção da carne bovina de qualidade, com status sanitário alto.”
Eis a trajetória do Brasil até a conquista do status:
João Martins, presidente da CNA (Confederação Nacional da Agropecuária) também celebrou os impactos econômicos da certificação:
“Hoje o Brasil pode vender a carne para qualquer país sabendo que está vendendo um produto de alta qualidade e livre de aftosa. […] É uma grande conquista para nós brasileiros e para os produtores rurais.”
Assista ao vídeo (2min20):
A ausência do governo federal na cerimônia foi criticada por representantes do setor. A CNA relatou dificuldades de credenciamento junto à OMSA por falta de interlocução do Ministério da Agricultura.
O evento reuniu comitivas de diversos Estados, como Mato Grosso, Pernambuco, Piauí e Amazonas, que foram protagonistas na suspensão da vacinação e na adequação sanitária dos rebanhos.
O Brasil já havia se autodeclarado livre da febre aftosa sem vacinação no início de 2024, mas o reconhecimento oficial internacional era aguardado para consolidar o novo status sanitário.
A certificação deve ampliar o acesso do país a mercados exigentes, como Japão, Coreia do Sul e Estados Unidos, e elevar o valor agregado das exportações de carne bovina.