• Sexta-feira, 4 de julho de 2025

Advogado de réu diz que conversou com Cid e familiares

Eduardo Kuntz confirma que trocou mensagens com a filha adolescente do tenente-coronel sobre competições de hipismo.

Eduardo Kuntz, advogado do ex-assessor presidencial Marcelo Câmara, um dos 31 réus acusados por tentativa de golpe de Estado, confirmou em depoimento à PF (Polícia Federal) que conversou com o tenente-coronel Mauro Cid e seus familiares. No entanto, negou que tenha tentado interferir na delação premiada do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL).

O STF (Supremo Tribunal Federal) divulgou nesta 5ª feira (3.jul.2025) os depoimentos de Kuntz, Câmara, do ex-secretário de Comunicação de Bolsonaro Fábio Wajngarten e do advogado do ex-presidente, Paulo Cunha Bueno. Eles são investigados por uma suposta tentativa de obstrução de investigação. Eles foram ouvidos ao mesmo tempo nas sedes da corporação em Brasília e São Paulo.

À PF, Kuntz afirmou que foi procurado por familiares de Cid porque o tenente-coronel estaria insatisfeito com sua defesa. O advogado disse que se colocou à disposição, mas que nunca foi procurado para assumir a defesa do militar. Confirmou também que as conversas com a família Cid eram sobre os campeonatos de hipismo dos quais a filha de Mauro Cid participava. Leia a íntegra do depoimento (PDF – 6 MB).

Kuntz declarou que eles “se encontraram para saber como estava o andamento dos processos, desabafos e reclamações sobre a forma como as coisas foram conduzidas” e que “sempre se colocou disponível para atender às necessidade de Mauro Cid, para compreender se poderia ajudar pessoalmente ou indicar outra pessoa em caso de impedimento”, mas que nunca teve intenção de interferir na investigação.

Kuntz admitiu que se encontrou pessoalmente com o ex-ajudante de ordens em 3 ocasiões: em março de 2023 e no início de 2024, em São Paulo e em Brasília. Segundo o advogado, as conversas eram sobre hipismo, e que poderiam ter conversado sobre o processo.

“Em geral, os contatos tinham como objeto questões da atividade de hipismo, podendo ter havido questionamentos sobre os processos em andamento, inclusive sobre uma possível troca da defesa técnica de Mauro Cid”, afirmou.

Kuntz se tornou alvo da investigação depois de ter informado, em 17 de junho, ao STF que conversou com Cid por meio de um perfil supostamente atribuído a ele em nome de “GabrielaR702″.

As mensagens da conta de Instagram foram reveladas pela revista Veja. Cid, no entanto, negou que ele tenha usado essa ou qualquer outra conta para se comunicar com outros investigados. Ele estava proibido de usar redes sociais por determinação do ministro do STF Alexandre de Moraes.

Kuntz também foi perguntado sobre como a defesa de Bolsonaro soube das mensagens trocadas com Cid por meio de perfil falso supostamente atribuído a ele. Ele afirmou que, pouco antes do interrogatório, teve uma conversa informal com o advogado Celso Vilardi, mas que não falaram sobre o conteúdo das conversas.

No depoimento, Kuntz também foi confrontado sobre a criação de um grupo entre esse perfil atribuído a Cid e Paulo Cunha Bueno. Disse que criou a pedido de Cid, mas que o grupo ficou inativo.

Em seu depoimento, Fábio Wajngarten confirmou que trocou mensagens e falou por telefone com a mulher de Cid, Gabriela, e com a filha adolescente. No entanto, negou que tentou interferir na delação.

Declarou que “jamais realizou qualquer ato com objetivo de embaraçar, tumultuar ou atrapalhar as investigações em andamento” e que agiu como “amigo das más horas”. Leia a íntegra do depoimento (PDF – 2 MB).

Já Paulo Cunha Bueno disse que apresentou petição ao STF com esclarecimentos sobre os fatos. Sendo assim, ratificou o teor das declarações e, por isso, deixou de prestar esclarecimentos em sede policial. Leia a íntegra do depoimento (PDF – 639 kB).

O ministro Alexandre de Moraes determinou em 25 de junho que Bueno e Fábio Wajngarten, ex-assessor de Bolsonaro, prestassem depoimento à PF depois que a defesa de Cid relatou que ambos teriam abordado familiares do tenente-coronel para obter informações sobre a sua colaboração e “demover a defesa então constituída por Mauro Cid”.

Por fim, Marcelo Câmara negou que tenha conversado com Cid ou que soubesse do contato do seu advogado com o tenente-coronel. Afirmou que recebeu com “indignação” a ordem de prisão porque “nunca deixou de cumprir as medidas lhe foram impostas”. Leia a íntegra do depoimento (PDF – 3 MB).

Por: Poder360

Artigos Relacionados: