• Terça-feira, 18 de novembro de 2025

Você já ouviu falar em “lavoura de carne”? Sistema ajuda a produzir até 40@ por hectare

Estratégia de produção integrada, nomeada lavoura de carne, avança no Brasil unindo manejo, pastagens renováveis, genética e tecnologia de precisão para “colher carne” com produtividade comparável à lavoura de grãos

Estratégia de produção integrada, nomeada lavoura de carne, avança no Brasil unindo manejo, pastagens renováveis, genética e tecnologia de precisão para “colher carne” com produtividade comparável à lavoura de grãos Nos últimos anos, um conceito inovador vem ganhando espaço no vocabulário de pecuaristas, consultores e especialistas em sistemas integrados de produção: “lavoura de carne”. Longe de ser apenas um jogo de palavras, o termo representa uma revolução na forma de pensar a pecuária de corte, principalmente no sul do Brasil, ao propor uma abordagem semelhante à agricultura de grãos — com gestão intensiva, uso racional de insumos, monitoramento tecnológico e ciclos curtos de produção. O modelo será tema de destaque no Universo Pecuária, evento que acontece em Porto Alegre (RS), reunindo especialistas e produtores que apostam em práticas mais inteligentes, eficientes e sustentáveis para impulsionar a pecuária nacional.
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    O que é a lavoura de carne? Segundo os especialistas, a lavoura de carne é um sistema em que a pastagem é tratada como cultura agrícola, e os animais atuam como agentes de colheita. “ Em vez de plantar soja ou milho, o produtor cultiva pasto — e colhe carne”, resume o consultor André de Bortoli, da Boviplan, uma das empresas que defendem o modelo. window._taboola = window._taboola || []; _taboola.push({mode:'thumbnails-mid', container:'taboola-mid-article-thumbnails', placement:'Mid Article Thumbnails', target_type: 'mix'});Essa analogia com a agricultura é possível porque o sistema segue planejamento rotacional, manejo de solo, adubação e colheita previsível, com critérios técnicos para entrada e saída dos animais nos piquetes, como altura ideal da pastagem e tempo de ocupação. Os animais são inseridos com peso e idade definidos, e a saída ocorre no ponto ótimo de conversão em arrobas. Alta produtividade com base técnica Enquanto a pecuária extensiva tradicional brasileira opera com índices médios de 3 a 5 arrobas por hectare ao ano, o modelo lavoura de carne alcança de 20 a 40 arrobas/ha/ano, segundo dados apresentados por produtores que já adotam a estratégia. Há casos em que sistemas mais intensificados chegam a ultrapassar 60 arrobas por hectare/ano em solos de alta fertilidade com irrigação. A diferença está na eficiência do processo produtivo, que é meticulosamente gerenciado. O sistema exige monitoramento constante, com uso de tecnologia embarcada, como sensores de solo, drones, colares inteligentes e softwares de gestão zootécnica. touros da raca senepol no pasto - fotao
    Foto: Genética Coroados
    Sustentabilidade na prática Outro diferencial importante do modelo “lavoura de carne” é sua pegada ambiental positiva. Ao manejar pastagens perenes com adubação balanceada e ciclos curtos de terminação a pasto, o sistema:
  • Reduz a emissão de metano por animal abatido, já que o boi chega ao abate mais jovem;
  • Recupera áreas degradadas com o uso de espécies forrageiras adaptadas e práticas de conservação de solo;
  • Melhora o sequestro de carbono com pastagens bem manejadas;
  • Evita a necessidade de desmatamento, promovendo crescimento da produção em áreas já consolidadas.
  • Como explicou Juliana Kich, gerente de marketing da Sementes Aurora: “ Temos que sair da pecuária de 4 arrobas e ir para a pecuária de 40 arrobas por hectare. Essa é a pecuária de resultado.” Gestão, genética e tecnologia A lavoura de carne exige planejamento zootécnico, escolha adequada de cultivares forrageiras, genética animal compatível com sistemas intensivos e mão de obra qualificada. O ciclo produtivo é medido em dias e arrobas, e não mais em anos e cabeças. O pecuarista Maurício Pinzon, da Estância São Francisco, ilustra o sucesso do modelo ao relatar que reduziu em quase 50% o tempo de abate de seus animais, passando de 28 para 15 meses, apenas com pastejo rotacionado, adubação e entrada estratégica de suplementação. Já o técnico agropecuário e pecuarista Marco Aurélio Pereira destaca que “a pecuária precisa deixar de ser apenas paixão e virar negócio”, defendendo a gestão como pilar fundamental da lavoura de carne. O futuro da pecuária começa agora A expectativa é de que, com preços mais altos da terra, pressão ambiental por produtividade sem desmatamento e mercado consumidor mais exigente por carne rastreada e sustentável, o modelo lavoura de carne ganhe ainda mais tração. O evento Universo Pecuária surge como palco ideal para disseminar o conceito, apresentar casos reais de sucesso e promover debates técnicos sobre a transformação da pecuária em um negócio agrícola moderno, sustentável e competitivo.
    Por: Redação

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