Os Estados Unidos registraram queda de 0,9 % nas vendas no varejo em maio de 2025, totalizando US$ 715,4 bilhões, conforme estimativa divulgada nesta 3ª feira (17.jun.2025) pelo Census Bureau. Eis a íntegra do relatório (PDF – 273 kB, em inglês).
É a maior retração em 2 anos. Segundo especialistas consultados pelo Financial Times, o resultado se dá em função do fim da antecipação de compras devido a tarifas, com destaque para o setor automotivo. A redução superou as expectativas dos economistas e vem depois da revisão negativa de 0,1 % nos dados de abril. O Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) também apontou queda de 0,2 % na produção industrial de maio, sinalizando enfraquecimento do setor fabril.
O setor automotivo teve retração de 3,5 %. Bares, restaurantes e materiais de construção registraram queda nas vendas no período. O núcleo das vendas no varejo –que excluem automóveis, combustíveis e restaurantes– cresceu 0,1 % no mês, acumulando alta de 3,9 % em 12 meses, segundo comunicado da NRF (National Retail Federation).
O economista da ING James Knightley afirmou que o comportamento de antecipação de compras devido às tarifas foi revertido, pressionando as vendas. Segundo ele, o clima úmido na costa leste também contribuiu para a queda.
Michael Pearce, da Oxford Economics, disse à Reuters que as tarifas causaram “impacto claro” no momento da compra de bens de alto valor, mas não provocam retração generalizada do consumo.
A produção industrial dos EUA caiu 0,2 % em maio, marcando o segundo declínio em 3 meses, com recuperação apenas de 0,1 % em manufatura impulsionada por produção automotiva, enquanto eletricidade e mineração recuaram.
Ambos os especialistas atribuem a repercussão à combinação de tarifas, clima e enfraquecimento da demanda global. A instabilidade pode levar o Fed a manter a taxa de juros nos níveis atuais até que a inflação, que está em 2,4%, se aproxime da meta de 2% ao ano.