A ex-presidente argentina Cristina Kirchner (Partido Justicialista, esquerda) disse nesta 4ª feira (18.jun.2025) que ela e seus aliados voltarão ao poder do país. No 1º discurso depois da prisão, Kirchner disse que as “pessoas sempre voltam” e que o peronismo –movimento da esquerda argentina que busca o conceito de “justiça social”– retornará com mais força.
“Precisamos nos organizar para esclarecer o verdadeiro problema do nosso país: um modelo econômico em que alguns enriquecem enquanto os demais são travados por uma estrutura judicial. […] O povo argentino demonstrou 1.000 vezes que sabe se manter firme, que sabe lutar”, disse a líder da esquerda. Devido à prisão domiciliar, a mensagem de voz de Kirchner foi transmitida para os apoiadores que estavam na Praça de Maio, em Buenos Aires.
A principal crítica da ex-presidente foi ao sistema Judiciário. Desde que começou a ser investigada e julgada por desvio de dinheiro público, a peronista alega perseguição dos tribunais argentinos e aliança com o governo de Javier Milei (La Libertad Avanza, direita).
Alegando perseguição política, a peronista declarou que os tribunais e as autoridades governistas não a deixam disputar as eleições “porque sabem que vão perder”.
“Simples e direto: poder econômico mais judiciário a serviço do partido, e o resto que se dane […]. Podem me prender, mas não vão conseguir prender todo o povo argentino”, afirmou Kirchner.
A ex-presidente argentina voltou a rebater as ações de Milei e disse que a população deseja um país em que “trabalhadores possam economizar e sobreviver”. Kirchner também acusou o ministro da Economia, Luis Caputo, de alugar dólares para “simular que tem reservas”.
O movimento La Cámpora, organização juvenil que apoia o peronismo, disse haverem 1 milhão de pessoas no protesto. A administração da capital estimou 40.000 manifestantes.
Veja imagens da manifestação:
A Suprema Corte de Justiça da Argentina determinou em 10 de junho a prisão da ex-presidente depois de rejeitar por unanimidade um recurso contra sua condenação a 6 anos de prisão por desvio de dinheiro público. Na 3ª feira (17.jun), o tribunal determinou prisão domiciliar para Kirchner.
O caso envolve o direcionamento de fundos públicos para licitações vencidas por um amigo e sócio da família Kirchner, destinadas à construção de estradas na Patagônia. Muitas dessas obras nunca foram concluídas ou foram canceladas.
O esquema fraudulento causou prejuízos estimados em US$ 1 bilhão aos cofres públicos argentinos, segundo a acusação. O Ministério Público apresentou como evidência o crescimento patrimonial do empresário Lázaro Báez, que venceu 51 licitações. O patrimônio pessoal de Báez aumentou 12.000% entre 2004 e 2015, enquanto sua empresa registrou crescimento de 46.000% no mesmo período.