Conheça o fazendeiro que ajudou a criar a escola que formou os maiores nomes do agro brasileiroDepois do ferro e do aço, os pescados configuram a segunda categoria mais relevante nas trocas comerciais entre o Ceará e os EUA. Cerca de 44,9% das exportações do Estado são destinadas ao mercado americano, tornando-o proporcionalmente o mais vulnerável ao chamado “tarifaço”. window._taboola = window._taboola || []; _taboola.push({mode:'thumbnails-mid', container:'taboola-mid-article-thumbnails', placement:'Mid Article Thumbnails', target_type: 'mix'});Pescadores artesanais: o elo mais frágil Apesar do volume expressivo de exportação, a base da cadeia produtiva do Ceará é formada por aproximadamente 32 mil pescadores artesanais, conforme dados do Ministério da Pesca e Aquicultura. A maioria desses trabalhadores possui baixa escolaridade e renda modesta, muitas vezes inferior a um salário mínimo, e utiliza embarcações pequenas ou médias, muitas vezes alugadas. Grande parte do pescado é vendida a intermediários locais, conhecidos como “marchantes”, ou diretamente aos proprietários dos barcos, que, por sua vez, repassam os produtos à indústria para beneficiamento e posterior venda no mercado interno ou externo. Dados do Painel Unificado do Registro Geral da Atividade Pesqueira mostram que 88,5% dos pescadores cadastrados no Ceará têm renda inferior a R$ 1.045, enquanto 60% não completaram o ensino fundamental. A pesca voltada ao mercado interno geralmente ocorre em embarcações simples, à vela ou com motor de popa, sem sistema de refrigeração. Mesmo assim, esses pescadores percorrem grande parte da plataforma continental, vendendo suas capturas na praia, onde atravessadores as destinam a mercados, restaurantes e barracas de praia. Para espécies voltadas à exportação, como atum, os barcos são um pouco maiores e equipados com GPS, sonda e autonomia para até 40 dias no mar, enquanto a lagosta, também voltada ao exterior, pode ser capturada em pequenas embarcações motorizadas ou até jangadas. “Os pescadores são quem mais trabalham, sofrem mais e ganham menos”, destaca Caroline Feitosa, pesquisadora do Labomar/UFC. Carlos Eduardo Villaça, do Coletivo Nacional da Pesca e Aquicultura (Conepe), reforça: o tarifaço afetará diretamente esses profissionais. Impactos e medidas emergenciais Embora a sobretaxa tenha entrado em vigor no dia 6 de agosto, o efeito completo sobre a ponta da cadeia ainda não é sentido. Muitos pescadores estão apreensivos, temendo que os intermediários reduzam os preços pagos pelo pescado para compensar a tarifa nos EUA. O governo do Ceará anunciou ações para mitigar os impactos, incluindo a compra de produtos de empresas afetadas e a destinação para programas sociais, como o Ceará Sem Fome, escolas e hospitais. No entanto, o Executivo deixou claro que não pagará valores equivalentes aos de exportação. Transformações no setor pesqueiro A predominância da pesca artesanal no Ceará é resultado de mudanças ambientais e de mercado ao longo das últimas décadas. A pesca industrial, antes dominante, reduziu-se devido à superexploração de espécies e à inviabilidade econômica de embarcações maiores. Hoje, o Brasil conta com cerca de dois milhões de pescadores artesanais, enquanto os industriais somam apenas 4,4 mil, concentrados principalmente em Pará e Santa Catarina. “Apesar da extensão do litoral, o Brasil tem diversidade de espécies, mas em quantidade limitada”, explica Felipe Matias, engenheiro de pesca da Funcap. Comparativamente, o Peru produz entre sete e nove milhões de toneladas de pescado, beneficiado por condições naturais mais favoráveis, enquanto o Brasil gera cerca de 800 mil toneladas. O cenário atual, marcado por tarifas internacionais, é visto por especialistas como uma oportunidade para diversificar destinos de exportação e reduzir a dependência do mercado americano. Entre as alternativas, Matias aponta a União Europeia, que interrompeu compras brasileiras em 2017 por questões sanitárias, mas que pode ser um novo mercado em potencial. Escrito por Compre Rural com informações da www.bbc.com VEJA MAIS:
Tarifaço põe em risco 32 mil pescadores no Ceará: ‘Quem mais sofre e menos recebe”
Ceará lidera exportações de pescados em 2024, mas pequenos pescadores seguem vulneráveis
Ceará lidera exportações de pescados em 2024, mas pequenos pescadores seguem vulneráveis Em 2024, o Ceará alcançou o topo entre os Estados brasileiros em exportações de pescados, movimentando US$ 93,8 milhões, segundo levantamento do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Entre os produtos mais enviados estão lagosta, atum e peixes vermelhos, como pargo, cioba, ariacó e guaiúba, que chegaram a 44 países ao redor do mundo. Os Estados Unidos se destacaram como o principal destino, absorvendo quase metade do total exportado (46,85%), equivalente a US$ 52,8 milhões. Esse peso na balança comercial colocou o setor cearense no centro das atenções diante da sobretaxa de 50% imposta por Donald Trump a diversos produtos brasileiros, incluindo pescados. Clique aqui para seguir o canal do CompreRural no Whatsapp
Porcos selvagens aparecem com carne azul fluorescente; veja o motivo Relevância de marca no agro: estratégia comercial, fidelização e valor sustentável ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias
Por: Redação