Democracia
A historiadora espera que o cessar-fogo atual se mantenha. “Muita ajuda humanitária chegará a Gaza, o que é excelente. Ainda precisamos receber mais de uma dúzia de corpos de reféns que foram assassinados. É profundamente importante”. Para ela, os objetivos de democracia e paz estão combinados de muitas maneiras e o acordo de cessar-fogo, mediado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode ter reflexos eleitorais no próximo pleito de Israel. “Mas temos indicadores e nós, organizações da sociedade civil, já estamos começando a monitorar o que está acontecendo, porque agora há indícios de que Netanyahu pode tentar adiar as eleições, alegando algum tipo de situação de emergência.” Outro temor, segundo ela, é que haja uma tentativa de fraudar a eleição e que Israel evolua rapidamente para um Estado não democrático. “Estamos muito prontos para defender as próximas eleições, que são cruciais”, explicou a professora afirmando que algumas pesquisas já indicam derrota do primeiro-ministro e de sua coalizão.Traumas
Fania Oz-Salzberger afirma que a convivência entre israelenses e palestinos é cercada de traumas de ambos os lados. Na avaliação dela, a solução de dois Estados - com a criação e coexistência pacífica dos Estados independentes de Israel e da Palestina - seria a melhor alternativa para a região. Com o cessar-fogo, a historiadora deseja que Gaza possa contar com um governo palestino moderado com a ajuda de potências internacionais. “Se chegarmos a esse nível, é apenas o começo do caminho”. A pesquisadora avalia, entretanto, que Netanyahu terá problemas com a sua base de eleitores e com seus parceiros de coalizão de extrema direita, que estavam se estabelecendo em Gaza. Para a professora, Netanyahu é um criminoso. “Ele já foi indiciado por três acusações de corrupção, e há acusações maiores de corrupção e abuso de confiança, que agora estão sendo investigadas e ainda não foram a julgamento.” Ela lamenta que ainda exista radicalismo em Israel e que os governantes que estão no poder acreditem que as minorias não devem ter os mesmos direitos. “Isso é antidemocrático, pensar que o processo educacional está errado e que o judaísmo ortodoxo é o judaísmo correto.”Confira entrevista na TV Brasil
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