O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região questionou o Itaú nesta 3ª feira (9.set.2025) sobre a demissão em massa por critérios de produtividade realizada no dia anterior. Também convocou os trabalhadores dispensados para uma reunião na 5ª feira (12.set).
O questionamento foi feito em reunião entre representantes sindicais e executivos do banco. O sindicato contestou os métodos utilizados pelo Itaú para avaliar o desempenho dos trabalhadores e a forma como as demissões foram conduzidas.
Os funcionários afetados trabalhavam principalmente em regime de teletrabalho. A instituição financeira afirma que os desligamentos —que chegariam a 1.000, segundo o sindicato— foram motivados por “uma revisão criteriosa de condutas relacionadas ao trabalho remoto e registro de jornada”.
O sindicato diz haver falta de transparência em relação aos motivos. “Apesar de o banco alegar queda de produtividade (…), o número excessivo de desligamentos, caracterizando demissão em massa, é desproporcional e injustificável diante da realidade”, disse a organização em nota à imprensa. “O Itaú menciona em seu Código de Ética e Conduta a busca por um clima organizacional baseado em respeito, confiança e aprendizado contínuo. A ausência de diálogo com os trabalhadores e a falta de negociação com o sindicato contrariam essas premissas assumidas pela própria instituição“, continua o texto.
Neiva Ribeiro, presidente do Sindicato e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, afirmou ter cobrado que as regras do teletrabalho “sejam repactuadas de forma transparente para todos os funcionários”. “Se há um mecanismo de avaliação no teletrabalho, por que esses funcionários não foram advertidos antes de serem demitidos?”, diz. “Vamos nos reunir com esses trabalhadores para ouvi-los, prestar apoio e definir os próximos passos da mobilização”.
Eis a íntegra da nota do sindicato:
“Após reunião realizada nesta terça-feira (09), entre representantes do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e representantes do Itaú, o Sindicato questionou a falta de transparência nas medidas adotadas. Apesar de o banco alegar queda de produtividade para justificar as mil demissões nesta segunda-feira (08), o número excessivo de desligamentos, caracterizando demissão em massa, é desproporcional e injustificável diante da realidade.
O Itaú menciona em seu Código de Ética e Conduta a busca por um clima organizacional baseado em respeito, confiança e aprendizado contínuo. A ausência de diálogo com os trabalhadores e a falta de negociação com o sindicato contrariam essas premissas assumidas pela própria instituição.
As relações de trabalho — incluindo o teletrabalho, pactuadas em negociação coletiva — estabelecem patamares para a proteção das trabalhadoras e dos trabalhadores. Entre essas garantias está a necessidade de promoção e orientação do gestor, o que pressupõe transparência nas decisões e práticas adotadas. Isso vale também para a gestão de desempenho e conduta: eventuais faltas, erros ou advertências precisam ser tratados de maneira clara, com critérios objetivos, comunicação direta e possibilidade de defesa, em respeito ao devido processo e à dignidade do trabalhador.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) recomenda o diálogo social como instrumento fundamental para a construção de soluções equilibradas em situações que impactam o emprego e a vida dos trabalhadores. A postura do banco, ao não dialogar previamente com a representação sindical, fere não apenas os princípios que declara em seu Código, mas também uma diretriz internacional reconhecida de boas práticas nas relações laborais.
“Em reunião com o banco, cobramos que as regras do teletrabalho sejam repactuadas de forma transparente para todos os funcionários. O Itaú alega falta de produtividade, mas estamos falando de cerca de mil pessoas. Não é razoável usar mecanismos de monitoramento e vigilância para justificar cortes em massa. É preciso estabelecer limites claros para a vigilância digital, pois esse tipo de prática pode gerar pressão excessiva, afetar a saúde mental e criar um ambiente de trabalho opressivo. Se há um mecanismo de avaliação no teletrabalho, por que esses funcionários não foram advertidos antes de serem demitidos?”, questionou Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários. “Vamos nos reunir com esses trabalhadores nesta quinta-feira (11) para ouvi-los, prestar apoio e definir os próximos passos da mobilização. O Sindicato não aceitará que o Itaú, maior banco privado do país e que lucrou R$ 22,6 bilhões no primeiro semestre de 2025, use o teletrabalho como justificativa para demissões em massa”, completou Neiva.”
Eis a íntegra da nota do Itaú:
“O Itaú Unibanco realizou hoje [8.set.2025] desligamentos decorrentes de uma revisão criteriosa de condutas relacionadas ao trabalho remoto e registro de jornada. Em alguns casos, foram identificados padrões incompatíveis com nossos princípios de confiança, que são inegociáveis para o banco. Essas decisões fazem parte de um processo de gestão responsável e têm como objetivo preservar nossa cultura e a relação de confiança que construímos com clientes, colaboradores e a sociedade”