O vice-presidente e ministro do Mdic (Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), Geraldo Alckmin, afirmou nesta 5ª feira (31.jul.2025) que “se depender de Lula, o diálogo é para ontem”. A fala, dada durante participação no programa Mais Você, na TV Globo, é uma referência às tarifas de 50% impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump (Partido Republicano), aos produtos brasileiros. Apesar da abertura para uma interlocução, o ministro ressaltou que uma conversa direta entre os 2 líderes depende de “preparação”.
Segundo Alckmin, as negociações entre os 2 países continuarão, mesmo depois de Trump ter assinado, na 4ª feira (30.jul.2025), o decreto que confirma o tarifaço.
Mais uma vez, o ministro do Mdic afirmou que considera as taxações “injustificáveis”, já que os EUA mantém um superavit em relação ao Brasil. “Essa decisão nos atrapalha em mercado, emprego, investimento e encarece os produtos americanos”, disse.
Na entrevista, o vice-presidente explicou que 35,9% do total das exportações brasileiras para os EUA serão afetadas pela nova tarifa, enquanto 45% ficaram fora dessa tributação e 20% não sofreram alterações por já possuírem taxação específica, como aço e alumínio. Entre os produtos isentos, estão suco de laranja e aeronaves civis.
Alckmin disse que é difícil determinar com precisão qual será o impacto da tarifa de 50% nos preços de produtos agrícolas, incluindo alimentos. No entanto, afirmou que, se não houver reversão da medida norte-americana, certamente ocorrerá aumento da oferta desses itens no mercado interno brasileiro.
“Vamos trabalhar para preservar empregos, produções e para avançar em abertura de mercados”, disse Alckmin durante o programa. Ele complementou explicando que “muitas das exportações são complementares, atendem o mercado interno e exportam o excedente”.
A presença de Alckmin no programa faz parte da estratégia do governo brasileiro de explicar a taxação à população.
Trump anunciou o tarifaço como parte de sua nova agenda protecionista e para retaliar o Brasil pelo que chamou de “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O pacote, chamado informalmente de tarifaço, afeta setores como aço, carne bovina, máquinas agrícolas e alumínio.
O decreto original previa a entrada em vigor na 6ª feira (1º.ago), mas foi adiado após pressão de setores empresariais norte-americanos e da diplomacia brasileira. Em meio à repercussão, o governo dos EUA publicou uma lista de exceções que isentou produtos como aviões, suco de laranja, carne de frango in natura, celulose e determinados insumos agrícolas.
Mesmo com as isenções, a medida foi interpretada como um gesto político da Casa Branca diante da aproximação entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e países como China e Rússia, além da atuação do STF (Supremo Tribunal Federal) em temas considerados sensíveis por setores norte-americanos.
Além das tarifas, Trump também assinou um decreto que impõe sanções ao ministro Alexandre de Moraes com base na Lei Magnitsky, alegando supostos abusos contra cidadãos americanos. A decisão provocou reações no Brasil, incluindo manifestações de apoio ao ministro e críticas por parte da Advocacia Geral da União (AGU), que classificou a medida como “injustificável”.
Haddad também comentou sobre as sanções: “A perseguição ao ministro Moraes não é o caminho”.