• Segunda-feira, 20 de outubro de 2025

Rodrigo Paz Pereira é eleito presidente da Bolívia

2º turno se deu neste domingo (19.out); Paz rompe hegemonia da esquerda no país, com XX% dos votos.

Rodrigo Paz Pereira (Partido Democrata Cristão, centro-direita), foi eleito presidente da Bolívia neste domingo (19.out.2025), ao derrotar Jorge “Tuto” Quiroga (Aliança Livre, direita) no 2º turno. O senador e ex-prefeito de Tarija, obteve 54,5% dos votos, contra 45,74% de Quiroga, segundo resultados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral da Bolívia. 

A vitória de Paz encerra 20 anos de hegemonia da esquerda liderada pelo MAS (Movimento ao Socialismo) que governou o país desde 2006 sob liderança de Evo Morales e, depois, de Luis Arce, e marca uma guinada de centro-direita no cenário político boliviano.

A posse do novo presidente está marcada para 8 de novembro.

Paz, que venceu o 1º turno com 32,14% dos votos, não liderava as intenções de voto segundo levantamento da Ciesmori divulgada pela Infobae na 2ª feira (13.out). Ainda assim, o cenário era indefinido, visto que 20% do eleitorado não havia decidido o voto há 10 dias da eleição. 

A preocupação da população se explica pela crise econômica no país, com inflação elevada (23,32% em setembro), reservas cambiais baixas e escassez de combustíveis e produtos básicos, o que culminou na baixa popularidade de Arce.

Rodrigo Paz Pereira, 58 anos, nasceu em Santiago de Compostela, na Espanha, durante o exílio de sua família. Filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora (1989-1993), iniciou sua carreira política desde o início dos anos 2000. É senador e ex-prefeito de Tarija em 2015 e 2020. Formado em relações internacionais, tem especialização em economia, e mestrado em gestão política pela American University, em Washington D.C.

Sua campanha defende um modelo de “capitalismo para todos”, com foco na formalização da economia, combate à corrupção e reformas institucionais para limitar a reeleição e fortalecer a Justiça.

Segundo Angela Villarrorel Magalhães, internacionalista e mestranda em relações internacionais pela UnB (Universidade de Brasília), “Rodrigo Paz é símbolo de uma Bolívia que buscava reconciliação após o ciclo militar. É um político de centro-direita conservador, mas que soube fazer sua campanha engajando as classes mais pobres e rurais, além de ter como vice o Capitão Edman Lara, ex-policial conhecido por denunciar corrupção na polícia”. 

Para a especialista, o perfil de ambos os candidatos no pleito se distancia da parcela rural e mais pobre da população, que dificilmente se identifica com figuras associadas à elite do país.

Ela acrescentou: “O novo presidente herdará um país socialmente dividido, economicamente pressionado e politicamente fragmentado. O MAS, ainda que enfraquecido, mantém forte capacidade de mobilização nas áreas rurais e indígenas. A divisão do eleitorado —entre campo e cidade, entre memória e renovação”. 

Diferente de outros países sul-americanos que utilizam urnas eletrônicas, a Bolívia adota o sistema de votação em papel, com contagem manual.

O sucessor de Arce assumirá o país diante de incertezas econômicas e políticas e de um eleitorado dividido e preocupado com a crise econômica.

“Se o ciclo do MAS representou uma ruptura com o neoliberalismo dos anos 1990, a nova etapa talvez mostre que a história boliviana não se move em linha reta, mas em espirais onde o passado insiste em reaparecer”, concluiu Magalhães.

Por: Poder360

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