O PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e a OPHI (Iniciativa Pobreza e Humanidade de Oxford) divulgaram nesta 6ª feira (17.out.2025) um estudo mostrando que 887 milhões de pessoas em situação de pobreza multidimensional enfrentam diretamente riscos climáticos como calor extremo, inundações, secas e poluição do ar.
O relatório foi publicado como preparação para a COP30, conferência climática que será realizada no Brasil em novembro. Intitulado “Dificuldades Sobrepostas: Pobreza e Perigos Climáticos”, faz parte do IMP (Índice Global de Pobreza Multidimensional) de 2025 e combina, pela 1ª vez, dados sobre perigos climáticos com informações sobre pobreza multidimensional, conceito que vai além da renda e considera múltiplos aspectos do bem-estar humano. Leia a íntegra do documento (PDF – 1 MB).
Dos 887 milhões de pessoas pobres expostas a pelo menos um perigo climático, 651 milhões enfrentam 2 ou mais perigos simultâneos. Segundo o estudo, a situação é ainda mais crítica para 309 milhões de indivíduos que vivem em regiões expostas a 3 ou 4 riscos climáticos sobrepostos, enquanto já enfrentam pobreza multidimensional aguda.
O calor intenso afeta 608 milhões de pessoas pobres, sendo o risco mais comum, seguido pela poluição do ar (577 milhões), inundações (465 milhões) e secas (207 milhões).
O Sul da Ásia e a África Subsaariana concentram os maiores números de pessoas pobres vivendo em regiões afetadas por riscos climáticos: 380 milhões e 344 milhões, respectivamente.
No Sul da Ásia, a exposição atinge 99,1% da população pobre da região (380 milhões de pessoas), com 91,6% (351 milhões) enfrentando dois ou mais riscos simultaneamente.
Os países de renda média-baixa suportam a maioria da exposição, com 548 milhões de pessoas pobres expostas a pelo menos 1 risco climático, representando 61,8% da população pobre global afetada. Mais de 470 milhões dessas pessoas enfrentam dois ou mais riscos climáticos ao mesmo tempo.
Pedro Conceição, Diretor do Escritório do Relatório de Desenvolvimento Humano do PNUD, alerta que “os ônus identificados não se limitam ao presente, mas espera-se que se intensifiquem no futuro”.
Segundo a análise, os países com níveis atuais mais elevados de pobreza multidimensional deverão experimentar os maiores aumentos de temperatura até o final deste século.
“Quando os líderes mundiais se reunirem no Brasil para a COP30 (Conferência do Clima) no mês que vem, seus compromissos climáticos nacionais deverão revitalizar o progresso estagnado do desenvolvimento que ameaça deixar para trás as pessoas mais pobres do mundo”, disse Haoliang Xu, Administrador Interino do PNUD.
Sabina Alkire, Diretora da OPHI e coautora do estudo, afirmou: “Este relatório mostra onde a crise climática e a pobreza estão convergindo notavelmente. Compreender onde o planeta está sob maior pressão e onde as pessoas enfrentam fardos adicionais criados pelos desafios climáticos é essencial para criar estratégias de desenvolvimento que se reforcem mutuamente e coloquem a humanidade no centro da ação climática”.