• Quarta-feira, 29 de outubro de 2025

Rio está um “caos” porque facções estão “ultracapitalizadas”, diz Dino

Ministro afirmou que os grupos criminosos se tornaram “grandes operadoras" do garimpo e do setor de combustíveis.

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Flávio Dino afirmou nesta 3ª feira (28.out.2025) que o Rio de Janeiro está um “caos” porque as “facções criminosas estão ultra capitalizadas”. O magistrado citou a megaoperação realizada no Rio de Janeiro.

“Por que está essa confusão no Rio de Janeiro? Minha solidariedade ao povo do Rio. Está esse caos porque as facções criminosas estão ultra capitalizadas. E elas se capitalizam como? Elas não ganham dinheiro só vendendo droga –é dentro do mercado formal”, disse. A declaração foi dada durante palestra no Fórum Nacional Brasil Export Infraestrutura 2025.

“Foi-se o tempo em que as facções no Brasil viviam apenas do mercado ilegal. Hoje, são grandes operadoras do garimpo, do mercado imobiliário, do mercado de combustíveis. Onde está esse dinheiro? Embaixo do colchão? Não. Está nas instituições financeiras. Alguém tem dúvida disso?”, continuou.

O ministro entrou no assunto ao fazer referência a uma decisão anunciada na 2ª feira (27.out) pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos). A federação implementou diretrizes que obrigam os bancos brasileiros a bloquear movimentações suspeitas e encerrar imediatamente contas laranja, frias e de empresas de bets sem autorização oficial.

“Estamos criando um marco no processo de depuração de relacionamentos tóxicos com clientes que alugam ou que vendem suas contas e que procuram o sistema financeiro como canal para escoar recursos de golpes, fraudes e ataques cibernéticos, bem como para lavar o dinheiro sujo do crime”, afirmou em nota Isaac Sidney, presidente da Febraban.

Os bancos não podem, de forma alguma, permitir a abertura e a manutenção de contas laranja, de contas frias e de contas de bets ilegais e é por isso que estamos estabelecendo procedimentos obrigatórios a todos os bancos, para disciplinar o setor e coibir esse tipo de crime”.

A megaoperação Contenção foi deflagrada nos complexos do Alemão e da Penha, áreas densamente povoadas da zona norte da capital fluminense. As regiões são historicamente marcadas por confrontos entre forças de segurança e grupos criminosos.

A ação deixou pelo menos 64 mortos, dos quais 60 eram suspeitos de integrar o crime organizado e 4 eram policiais, incluindo o chefe da 53ª DP (Delegacia Policial de Mesquita), Marcus Vinicius. A ação mirou a facção CV (Comando Vermelho). 

Outras 81 pessoas foram presas e 72 fuzis, uma pistola, 9 motos e ao menos 200 kg de drogas foram apreendidos. A operação mobilizou 2.500 policiais civis e militares.

O governador Cláudio Castro disse que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) negou 3 pedidos de ajuda às Forças Armadas em operações policiais no Estado. “Já pedimos os blindados algumas vezes e todos foram negados. Falaram que tinha que ter GLO [Garantia da Lei e da Ordem], porque o servidor que opera o blindado é federal. E o presidente é contra a GLO. Cada dia nós temos uma razão de não emprestar e não colaborar. A gente entendeu que a realidade é essa”, declarou Castro em entrevista a jornalistas.

O Ministério da Justiça e Segurança Pública, comandado por Ricardo Lewandowski, rebateu a declaração do governador. Em comunicado, o órgão disse que “tem atendido, prontamente, a todos os pedidos do governo do Estado do Rio de Janeiro para o emprego da Força Nacional no Estado, em apoio aos órgãos de segurança pública federal e estadual”.  O ministério afirmou que, desde 2023, todas as 11 solicitações de renovação da FNSP (Força Nacional de Segurança Pública) foram acatadas.

Os ministros da Casa Civil, Rui Costa, e da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, viajarão ao Rio na 4ª feira (29.out.2025) para se reunir com o governador do Rio de Janeiro. 

A viagem foi decidida em reunião emergencial realizada na noite desta 3ª feira (28.out) no Palácio do Planalto. O encontro foi convocado pelo presidente interino Geraldo Alckmin. Além de Costa, participaram os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann.

Por: Poder360

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